Escondidos por detrás de máscaras de wrestlers mexicanos, coube aos The Chargers, banda portuense de surf rock instrumental com influências rockabilly, estrearem a noite de concertos. Quem se deslocou até ao Palco Ritual, situado na Concha Acústica, pôde assistir a uma curta prestação, na qual se destacaramos temasE o Vento Mudou, adaptação do tema vencedor do Festival RTP 1967, e Sheena is a Punk Rocker, dedicada "aos fãs de Ramones".
Seguidamente, as atenções voltaram-se para o Palco 1, onde o público foi convidado a juntar-se à "festa de celebração e união pela música e pela arte" dos Terrakota. Ritmos quentes, sonoridades árabes e africanas fundem-secom reggae, servindo de veículo a um propósito maior, em que a música se transforma num meio de alerta para os problemas da sociedade actual.
Durante o alinhamento de apenas seis temas (É Verdade, Bolomakoté, World Massala, Oba Train, Métisse e Kay Kay) a interacção com a audiência foi uma constante. Romi e Junior, que protagonizaram uma coreografia de troca de energias entre eles e os presentes, souberam cativar e aquecer a plateia, nesta noite fria de Agosto.
No regresso à Concha Acústica, actuaram os aveirenses The Underdogs. João Maia, Alexandre Mano e Vitor Hugo compõem este trio, cujas influências passam por todas as décadas do rock. O resultado em palcosão canções predominantemente rock, com The Misty LIne, She is La e Ode for Queensaevidenciarem um certo revivalismo.
Com uma formação alargada, os Mind da Gap subiram ao Palco 1, para aquela que terá sido a actuação mais aguardada da noite. A Ace, Presto e Serial juntaram-se, em concerto, o baterista André Hollanda e o Dj SlimCutz. Também MC Maze, dos Dealema, entrou em cena para co-interpretar A Essência, faixa título do último álbum de originais, lançado no ano passado. Um mimo muito apreciado pelos fás do grupo, sempre com os braços no ar e as letras a ponta da língua.
Todos Gordos ditou o fim ao concerto, onde não faltaram outros clássicos do hip hop nacional e da discografia dos Mind da Gap, como Não Stresses e Falsos Amigos.
A actuação dos d3o, que encerrou o Palco Ritual, veio confirmar a orientação rock do palco secundário, num cartaz cuja programação principal do segundo dia convergiu numa direcção oposta. Liderados por Toni Fortuna (ex M'as Foice e Tédio Boys), Tó Rui e Miguel levaram a cabo uma prestação bules rock com atitude punk à mistura.
A despedida em palco ficou a cargo dos Orelha Negra, supergrupo nascido das jam sessions nos bastidores da digressão de Sam The Kid, em 2008. Sam The Kid, Francisco Rebelo e João Gomes (Cool Hipnoise), Fred (Buraka Som Sistema) e Dj Cruzfader produzem instrumentais onde samplers inusitados se fundem com baixo, bateria, saxofone e teclados.
Este misto soul, funk e hip hop facilmente conquistou a audiência, que reagiu em força à medida que identificava os temas samplados - uma extensa lista da qual fizeram parte I've Got The Power (Snap!), U Can't Touch This (MC Hammer), Super Freak (Rick James), Groove Is In The Heart (Dee Lite), Jump (Kris Kross) e Smack My Bitch Up (Prodigy).
E assim se viu terminada a 20ª edição das Noites Ritual, onde a óptima coordenação entre palcos não fez esquecer a curta duração dos concertos e a falta de encores, de que se queixaram públicos e artistas.
No Pavilhão Rosa Mota, no contexto das "Ritual Late Night Djs", a animação prosseguiu madrugada fora, liderada pelos 7 Magníficos.
Texto: Ariana Ferreira
Fotografias: Filipa Oliveira
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