O grupo Cantigas do Baú, que recentemente editou o álbum de estreia, é constituído por Clara Palma (voz), Gabriel Costa (baixo), João Nunes (guitarra) e Luís Melgueira (percussões).

O projeto nasceu para "agarrar" em temas "menos conhecidos e rodados" da música tradicional portuguesa e "transportá-los para os nossos dias, reinventá-los", contou à agência Lusa Luís Melgueira.

"O baú é o cancioneiro tradicional português, essencialmente o alentejano", que tem temas "tão lindos, tão puros, de uma beleza extraordinária, que quisemos recuperar" para "homenagear" os poetas populares que os escreveram, explicou à Lusa Clara Palma.

O repertório do grupo, apesar de ser constituído sobretudo por "modas" do Baixo Alentejo, faz "uma viagem" pela música tradicional do interior de Portugal, desde a serra do Algarve até Trás-os-Montes, precisou Luís Melgueira.

Por outro lado, o repertório, focado no universo feminino, presta homenagem às mulheres, que, na área da música tradicional, só a partir dos anos 80 do século XX começaram a cantar organizadas em grupos corais, disse o músico, justificando assim a escolha de uma voz feminina para o grupo.

Após um ano e meio de trabalho, o grupo, que nasceu no verão de 2011, lançou no final do passado mês de janeiro o álbum de estreia, homónimo e composto por 11 cantigas, que "falam de amor", disse Clara Palma.

O álbum, editado para promover de forma "mais fácil" o trabalho do projeto, inclui sobretudo "baladas muito bonitas, com letras extraordinárias", mas também algumas cantigas "para dançar", precisou a vocalista.

O grupo lançou o álbum através de uma edição de autor, mas se aparecer uma editora que queira investir no projeto e torná-lo "maior", "estaremos abertos", disse Luís Melgueira.

"O que marca a diferença" no grupo Cantigas do Baú "talvez seja uma certa simplicidade na forma como apresentamos o nosso trabalho", disse Clara Palma.

A ideia é "criar uma sonoridade própria, não carregar muito as músicas e fugir um bocadinho aos instrumentos tradicionais muito usados no Alentejo", disse Luís Melgueira.

Por isso, as cantigas interpretadas pelo grupo, embora criadas a partir das letras e melodias originais dos temas, resultam de novos sons construídos apenas com recurso a uma guitarra clássica, um baixo elétrico e percussões, aos quais se junta a voz de Clara Palma, explicou Luís Melgueira.

Após a edição do álbum de estreia, o grupo está a promover as "cantigas do baú", sobretudo através da Internet, em redes sociais como Facebook e Youtube, de meios de comunicação social e de concertos, disse Clara Palma.

"O que pretendemos mesmo é que as pessoas se deixem apaixonar pelos temas da mesma maneira que nós nos apaixonámos", frisou a vocalista.

Segundo Luís Melgueira, o grupo quer, "essencialmente", o que está refletido no "slogan" do álbum, que é um excerto da letra de um dos temas: "Levar minhas cantigas prò lugar onde tu estás".

@Lusa