
O evento acontecerá no dia 10, no Teatro Municipal São Luiz, e contará com a presença de Wisnik, do violonista Arthur Nestrovski, da cantora Paula Morelenbaum e do violoncelista Jaques Morelenbaum.
Em declarações à agência Lusa a partir de São Paulo, José Miguel Wisnik explicou que tem vindo a fazer este tipo de espetáculos há dez anos, em parceria com Nestrovski e Paula Morelenbaum, e sempre em torno do cancioneiro popular e erudito brasileiro, mas será uma estreia a presença de Jaques Morelenbaum.
"Na verdade a ideia de 'aula-show' não me convence totalmente, mas é o termo que temos usado, apesar de não ter esse lado didático, mas sim de partilha. É um evento de música e de leitura e de comentário de canções, sobre a relação entre elas", explicou.
Wisnik já apresentou anteriormente em Lisboa "aulas-show" dedicadas a Noel Rosa e a Vinicius de Moraes, focando-se agora sobretudo em Tom Jobim, voltando inevitavelmente ao "poetinha", dada a longa parceria entre o letrista e escritor e o compositor.
"Sobre Jobim, nós relacionamos o erudito e o popular, a relação, por exemplo, na música de Jobim e Chopin, os efeitos da bossa nova e de canções como 'Samba de uma nota só' e 'Desafinado', como é que se chegou à letra de 'Garota de Ipanema', a lírica amorosa de Vinicius", exemplificou José Miguel Wisnik.
Tudo isto, acompanhado ao vivo por Paula e Jaques Morelenbaum, que trabalharam de perto com Tom Jobim, e por Arthur Nestrovski, atualmente diretor artístico da Orquestra Sinfónica do Estado de São Paulo.
Para o público, no entender de Wisnik, este espetáculo apresenta "uma leitura das canções com contexto, os seus bastidores, porque elas já são reconhecíveis, são familiares".
Por estar incluído no Festival do Desassossego, organizado pela Casa Fernando Pessoa, que decorrerá de 10 a 13 de junho, o espetáculo de Wisnik não esquece o poeta português, que também foi musicado por Tom Jobim, em "Cavaleiro monge" e "O rio da minha aldeia".
José Miguel Wisnik considera que estas "aulas-show" podem durar muitos anos, por causa da "singularidade da cultura brasileira, do samba ao tropicalismo, a Chico Buarque e a Gonzaga": "É uma fonte inesgotável".
O Festival do Desassossego decorrerá na Casa Fernando Pessoa e no Teatro São Luiz, em Lisboa, contando com a participação de escritores como Almeida Faria, José Eduardo Agualusa, Hélia Correia, Miguel Manso, Teolinda Gersão, Mário de Carvalho e Margarida Vale de Gato e dos jornalistas Ana Sousa Dias, Luís Ricardo Duarte e Rui Lagartinho.
@Lusa
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