As honras de abertura estiveram a cargo dos KEN Mode, trio canadiano formado pelos irmãos Matthewson, que se fizeram acompanhar no baixo por Andrew LaCour (Khann). Certamente menos conhecidos do público, a julgar pela dispersão deste durante o concerto, apresentaram-se com “Venerable”, longa duração lançado no ano passado, acolhido no Hard Club, ora com curiosidade, ora com relativa indiferença.
Nem a reputação de Shane enquanto baterista, nem a pose teatral de Jesse (voz, guitarra), queencarava a audiência com olhares ameaçadores, foram capazes de despertar a atenção geral e silenciar algumas conversas espalhadas pela sala, que se foram imiscuindo com as melodias pesadas e as vocalizações condizentes do noise rock hardcore praticado.
Do estado da Georgia vieram os Circle Takes The Square, a motivarem a reaproximação ao palco e a estimularem os primeiros grandes sinais de empolgamento por parte do público.
Same Shade As Concrete e Crowquill, de “As Roots Undo” (2004), abriram o alinhamento, dando origem à explosão de inconstâncias rítmicas que lhes é característica e que suportou o canto maioritariamente gritado de Drew Speziale (voz, guitarra) e de Kathy Coppola (voz, baixo), no microfone cor-de-rosa. Na bateria, a presença de David Rabitor mostrou-se fundamental para o entrosar das texturas instrumentais díspares, onde a agressividade vocal dos colegas foi dando espaço a outras variações. E, para rematar o desfile de canções screamo cimentadas por uma base rock algo experimental, surgiu Our Need to Bleed, doEP homónimo, remoto a 2001.
Pela primeira vez no nosso país, como não deixaram de ressalvar, os Circle Takes the Square agradeceram aos presentes por terem-nos feito sentir tão bem vindos
Também dos Estados Unidos são oriundos os Kylesa, repetentes em andanças portuenses e o grande chamariz das propostas da Amplificassom para esta noite, com a difícil missão de não defraudar as expetativas de quem já os teria visto aquando da passagem pelo Porto Rio. Comparações à parte, a noite de quarta-feira não pareceu defraudar, a julgar pelo amontoado devoto nas primeiras filas, agradado e em sintonia com a banda.
A atuação pautada pela sonoridade mesclada dos Kylesa iniciou-se com Said and Done e Only One, de “Static Tensions” (2008), ao qual foram regressando umas quantas vezes, a justificar o palco extremamente composto da Sala2, onde as duas baterias, duas guitarras, um baixo e alguma parafernália electrónica ocuparam todo o espaço.
O rock sujo embargado em psicadelismos bem trabalhados foi-se mantendo até ao final, com Scapegoat a ditar uma curta pausa, da qual retornaram com Running Red, mais uma vez de “Static Tensions”, e Where the Horizon Unfolds , de “Time Will Fuse Its Worth” (2006), temas guardados para o encore.
Assim foi terminada a última prestação da noite, altamente calibrada, onde não faltaram destaques, desde o sincronismo na força dupla dos dois bateristas, à ferocidade de Laura Pleasents, simpática nas intervenções com o público.
Confere as melhores fotos do espetáculo:
Texto: Ariana Ferreira
Fotografias: Ricardo Almeida
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