São apreciadores do trabalho um do outro e já chegaram a colaborar - como no disco "The Antidote", que acabou por inspirar o livro "Antídoto", em 2003. Desta vez, Fernando Ribeiro e José Luís Peixoto encontraram-se no estúdio dos Moonspell, em Lisboa, numa conversa que passou pelo passado, presente e futuro da banda. E o futuro mais próximo está ligado ao concerto de dia 31 de outubro na Incrível Almadense, em Almada, uma das propostas do Incrível Halloween (iniciativa que inclui também um festival de cinema de terror).
"O facto de um concerto dos Moonspell decorrer no Halloween provoca um tipo de reação quase química. Houve pessoas que, no ano passado, foram vestidas a rigor, mascaradas, a reforçar o gosto pela fantasia e pelo macabro. Noutros espetáculos não têm oportunidade de aparecer assim, na sua verdadeira natureza, por isso há sempre grandes surpresas no Halloween", conta Fernando Ribeiro a José Luís Peixoto.
Embora os Moonspell já celebrem o Halloween em palco há vários anos, a associação entre essa data e o heavy metal é uma tradição mais antiga, sublinha ainda o vocalista do grupo: "Esta tentativa de fazer disto uma tradição foi algo que recolhemos de uma banda que nos influenciou muito, os Type O Negative, que fazia sempre um concerto em casa, em Brooklyn, Nova Iorque, todos os Halloweens - exceto quando estavam em tournée. Tivemos oportunidade de tocar com eles num Halloween e foi realmente uma festa de grande exuberância".
Antes do futuro, o passado
O concerto de Halloween deste ano tem, no entanto, uma variação a ter em conta, uma vez que os Moonspell vão revisitar na íntegra o seu disco de estreia, "Wolfheart", de 1995 - uma revisitação de certo modo inédita, já que alguns temas nunca chegaram a ser tocados ao vivo. "Olhar para o passado, também através da tournée que vamos fazer em Espanha, com um set vintage, é importante. Olho para trás e acho que podíamos ter feito o disco desta ou daquela maneira, melhor ou pior, mas acabou por sair assim e temos de aprender a respeitar a memória. Acho que as pessoas vão ficar muito atentas aos Moonspell porque de alguma forma vão estar saciadas do passado e de mente aberta para receber o futuro", explica Fernando Ribeiro.
Um regresso enigmático e em dose dupla
Depois dos palcos, os Moonspell prometem regressar aos discos em 2012 e a entrevista a José Luís Peixoto deixou alguns detalhes do próximo álbum. "É um disco que surge depois de experiências muito diversas e reúne também sensibilidades muito diferentes. Temos vários tipos de herança e o segredo deste disco é que não estamos a negar nenhuma, tentamos não colocar limites à nossa música", avança o vocalista, que disse ainda que o álbum será duplo, com um lado mais pesado e outro mais eclético.
Mas apesar de ter revelado alguns pormenores em primeira mão, Fernando Ribeiro prefere não adiantar muito mais para já: "Vemos que por vezes os fãs acompanham muito de perto o trabalho das bandas, o que como qualquer relação próxima pode gerar algum desgaste. Preferimos deixar que cada novo disco seja um tiro no escuro, uma aventura".
Os Moonspell atuam a 31 de outubro na Incrível Almadense, em Almada, a partir das 21h30. À meia-noite decorre o espetáculo dos Opus Diabolicum, quinteto de cordas e percussão criado como tributo aos Moonspell por cinco jovens músicos clássicos.
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