Um Musicbox muito bem composto recebeu as atuações de The Throes + The Shine, Health, e, já mais tarde, dosFloating Points (DJ set) e Mike Stellar, no que se pode dizer que foi um serão musical eclético muito bem passado.
A noite começou com uma audaz revelação criativa da música portuguesa provinda do norte do país, composta pela fusão de dois atos musicais: os rockers electrizantes Throes, fundidos com o Kuduro da parelha de vocalistas de Luanda, The Shine.
Depois de uma atuação bastante bem recebida pela crítica na edição deste ano do festival Milhões de Festa, este power-duo é hoje conotado como uma das grandes surpresas deste verão e mostrou isso mesmo na atuação deste sábado, contagiando todos os presentes, metendo a maioria da audiência a dançar. Umaperformance de, sensivelmente, meia hora, que aparentou cativar o público.
Seguiram-se os mestres de cerimónia da noite. Provindos diretamente de Los Angels, os HEALTH aterram em Lisboa para “tratar da saúde” sonora a uma audiência musicalmente ávida, que ripostou com afinco e devoção carnal, com o instinto físico a darazo a toda uma panóplia comportamental empolgante, que se fez manifestar com moshpits, crowdsurfing e afins.
Depois de anteriorespresenças no nosso país, como no Maus Hábitos em 2008, ou Casa da Música e Santiago Alquimista em 2010,a atuação da noitearranca com canções como “Crimewave" e “Nice girls”, que iam aquecendo as hostes honorárias dos titulares. Éramos então,a pouco e pouco,transportadospara um ambiente sonoroagradavelmente violento e massacrante (do mais sóbrio significado de massacre), que ameaçava romper os tímpanos dos mais sensíveis. Se a música dos HEALTH fosse um programa de televisão, merecia assumidamente o distintivo de bolinha vermelha no canto superior direito.
Canções como “Die Slow” e “We are water” chegam a ser completos hinos de filmes de terror sanguinários, onde se sente um clima de tensão e medo não aconselhável a menores de idade. Interessante também foi a cover dos Pictureplane, ”Goth Star”, bem como um leque de novas canções ainda sem título a apontar.
Já depois do final da atuação e a pedido dos presentes, a banda voltou para um encore com o próprio baixista a fazer crowdsurfing no meio da multidão, colmatando uma performance onde se registaram, provavelmente, os maisfortes pontapés de bombo de bateria, a grande estridência de pratos e os riffs de guitarra mais agressivos que o MusicBox já presenciou nos últimos tempos.
Já na reta final das atuações deste dia surgiram osFloating Points, projeto do jovem londrino Samuel T Shepherd (que é formado em composição clássica pela Chetham's School of Music de Manchester), cuja musicalidade é caracterizada por uma mescla idónea de diferentes estilos musicais, que tanto passam pelo funk, disco, garage/techno ou mesmo dubstep com travos de jazz.
Posteriormente, seguiu-se a atuação do DJ português membro fundador dos Cooltrain Crew , Mike Stellar, que ofereceu ao público umaoferta musical variada, onde estilos como o nu-jazz, breakbeat, house, hip-hop e techno se fizeram ouvir.
Texto: Tiago Gonçalves
Fotografias: Joanica Cardoso
Comentários