
No Porto nasceu um projeto turístico que, no próximo ano, quer levar portugueses a Espanha, enquanto na Maia uma agência de viagens transporta já milhares de ‘turistas musicais’ dentro do país ao longo do ano.
Em pleno festival Primavera Sound, que terminou no domingo no Porto, Fernando Monteiro apresentou a empresa ‘Get a fest’, criada há sete meses e que espera que venha a preencher uma “lacuna” em Portugal: “os pacotes de festivais”.
Com uma “ligação umbilical” às organizações dos eventos, face às parcerias oficiais, esta empresa junta bilhetes, deslocações e alojamentos.
“Agregamos tudo o que está subjacente a um festival e tentamos também dar uma conotação turística, agregando uma experiência local, seja uma prova de vinhos, seja uma aula de surf”, segundo o cofundador da empresa, explicando que o público-alvo são turistas, que tanto podem ser estrangeiros, como quem viaja, por exemplo, de Lisboa para o Porto.
O conceito de festival nesta empresa é mais lato e não inclui apenas concertos musicais, mas também o Madeira Film Fest ou as festas populares do São João, no Porto, e do Santo António, em Lisboa.
“A ideia é para o ano começarmos a fazer alguns festivais em Espanha, de forma a que consigamos trazer estrangeiros para aqui e levar portugueses lá para fora”, avançou à agência Lusa Fernando Monteiro.
Nesta empresa, trabalham a tempo inteiro duas pessoas, às que se juntou agora um estagiário espanhol, com Fernando Monteiro a admitir que a expectativa em 2014 é chegar a setembro a somar “400/500 clientes, a maioria dos quais estrangeiros”.
Diogo Oliveira, da ALA Viagens, que se apresenta como especialista em viagens para concertos, informou que desde 2011 que a empresa opera nesta área, representando atualmente “cerca de 50% do negócio” total.
“Tem vindo a crescer de ano para ano, acompanhando o crescimento da quantidade e diversidade da oferta de eventos musicais no nosso país”, afirmou o responsável da empresa, que é operada pela Solnorte.
As mais-valias desta operadora, segundo o empresário, são um “preço imbatível no transporte, a certeza de ficar o mais próximo possível do recinto, sem transportes nem custos adicionais, o conforto de ter transporte de volta após o evento, sem ter de esperar até à manhã do dia seguinte e acompanhamento permanente durante toda a viagem”.
Segundo Diogo Oliveira, a empresa conta com “mais de 12 mil clientes muito exigentes, mas também muito fiéis”.
Num mestrado, em novembro de 2012, na Escola Superior de Hotelaria e Turismo do Estoril, Joel Dias desenhou um plano de uma agência de viagens online especializada em festivais de música e citou vários autores que referem o conceito “music tourism” (turismo musical).
“De facto, não raros são os festivais comunicados e vendidos como verdadeiros pacotes turísticos. Publicitados como uma forma acessível de fazer férias, os festivais possuem todos os elementos necessários para a evasão e lazer: diversão, alojamento e sol”, lê-se na tese.
Este trabalho académico mostrou, ainda, que o “número de espectadores tem aumentado, tal como o valor económico gerado” nestes eventos.
Nesta tese, que pretendeu demonstrar como os festivais “devem ser encarados como uma oportunidade de negócio turístico”, o autor notava que não existia uma “agência de viagens ou de um projeto semelhante que disponibilize pacotes turísticos, ou serviços individuais, para festivais de música no estrangeiro”, mas apenas projetos, por exemplo, para públicos muito específicos.
@Lusa
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