A soul dos HMB está de volta e se a fórmula é a mesma do disco de estreia - de título homónimo (2012), que juntou tendências urbanas como o r&b ou o hip-hop -, em “Sente” notamos uma maior maturidade, a que se junta o funk, alguma clarividência pop e ainda mais groove.
Sem pressas e com uma vontade de chegar ao disco perfeito, os HMB, compostos por Fred Marinho, Joel X, Joel Silva, Daniel Lima e Héber Marques, passaram muitas horas fechados em estúdio. O primeiro single, “Talvez”, já tinha sido apresentado no início de 2014. Durante o verão foi a vez de “Feeling” abrir um pouco mais o livro e dar a conhecer o que estaria para vir. E o que chega agora são 15 faixas que sabem a pouco e aumentam o desejo de ver os HMB ao vivo.
É precisamente com “Feeling” que começa o álbum. Este tema conta com a participação de Da Chick, que empresta o seu serviço de MC. “Feeling” é uma canção funk, perfeita para o verão - calha bem que ainda não se tenha ido embora - e que promete “espantar os males” de qualquer festa. Divertida e cheia de ritmo.
“Naptel Xulima” segue-se e traz com ele Enoque. Soul dançante e contagiante com um daqueles refrãos viciantes, assombrosos e perfeitos para as rádios. Mais uma canção para mexer o corpo sem quaisquer complexos.
Não seria necessário pedir, mas na terceira faixa de “Sente” o vocalista dos HMB manda-nos sorrir, algo que acontece quase de imediato. “Sorri Para Mim” é um daqueles temas simples, sem grandes segredos, mas que nos dá vontade de cantar e ouvir de novo.
“Super Ego” era um dos momentos obrigatórios para este segundo disco dos HMB. A banda já a tocava ao vivo e a transposição para o álbum foi muito bem conseguida. Funk ‘à la Prince’ com guitarras a estalar, um baixo carregado de groove, e um Héber Marques “mandão”, mostrando claramente que o ego desta banda tem tudo para ser grande.
A soul volta a reinar em “Tudo Muda”. Sem darmos muito por isso já estamos no quinto tema e a escutar a voz de mais um convidado, Samuel Úria. Com um belo arranjo de cordas, “Tudo Muda” é uma daquelas canções que vai crescendo em nós à medida que a ouvimos.
“Talvez” é clássica balada de HMB, bem ao estilo de “Não Me Deixes Partir”. Um grande tema dentro daquilo que o grupo faz de melhor, canções de amor.
Já “Sei Onde Vou” é um ‘quase rock’, groovado, pesado, mas ao mesmo tempo muito soul.
Mas com os HMB as baladas nunca são de mais, especialmente se forem com “Tu e Eu”, talvez o melhor tema do disco, talvez o melhor tema dos HMB, talvez... Aqui sentimos The Roots, Michael Jackson, Jamiroquai e uma orquestração daquelas à cinema.
E eis que entramos no último terço do álbum, o melhor terço. Parece que os HMB guardaram o melhor para o fim. “Lado Certo do Peito” e “Tua Maneira” não são músicas para uma só audição.
“Dillaema” tem um feeling à Stevie Wonder, um cheirinho de bossa nova e gosto a jazz. Mas como o nome diz, o homenageado é o mago do hip-hop J. Dilla.
“Como Eu” é apresentado com um rework de DJ Ride. É desconcertante, jazzy e muito complexo. Uma canção que pode não “entrar” à primeira audição como as restantes, mas tão bela como essas.
Sir Scratch é o último convidado do disco. O tema “Sente” soa a r&b contemporâneo. É uma canção para fazer a festa, ou seja, que rapidamente nos põe a dançar com influências dubstep e hip-hop.
E como não poderia deixar de ser, “Fim” fecha o disco. Nada como terminar com uma balada. Uma canção perfeita para ser passada nos divórcios, por exemplo, agora que há quem os celebre.
Já não se fazem muitos discos com 15 faixas, até porque geralmente acusam a duração e têm muitas canções para ‘encher chouriços’. Mas não é isso que acontece com “Sente”. Trata-se de um álbum sólido e maduro, que nos deixam com vontade de o voltar a ouvir sempre que chegamos ao “Fim”.
Ao segundo álbum , os HMB encontram-se no topo da sua forma e “Sente” promete ganhar uma dimensão ainda maior quando a banda subir ao palco.
Há pelo menos duas conclusões que podemos tirar: a primeira é que ninguém faz baladas como os HMB, e a segunda é que “Sente” é com certeza um dos melhores álbuns de 2014.
@Edson Vital
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