Os espectáculos encerram as gravações da segunda temporada da série documental «Club Docs», projecto que tem por objectivo criar um acervo documental sobre a música portuguesa, abordando vários artistas, o seu processo criativo e obra.
Os Dead Combo distinguiram-se, segundo a organização, por fazer o fado entrar «na era da electricidade, dos cabos e dos pedais. (...) Tó Trips e Pedro V. Gonçalves agarraram no género como quem levanta Lisboa, para o conduzir a lugar incerto, para lhe cantar num beco húmido e esconso a melancolia nocturna que tão bem conhece. A linguagem é inovadora mas augura, ao mesmo tempo, uma decadência inevitável e eterna. A música que esta dupla compõe é rouca e bruta, na exacta medida em que é suave e enternecedora. A qualidade cinematográfica que marca a história dos Dead Combo tem sido evidente ao longo dos quatro álbuns que, desde 2004, puseram nas lojas. A novidade é uma batalha constante que estes guitarrista e contrabaixista exploram olhando para trás, com a certeza de que vão encontrar sempre matéria de primeira água. O rastilho blues – que arde – é o viaduto que os faz transversais».
Quanto aos Linda Martini, a organização sublinha que «não se sabe onde começa, apenas que esta imensidão que nos embala e aterroriza, sacia e desertifica, toma o lugar do mundo, o enquadra e diminui. É um quadro o que os Linda Martini fazem, trabalho único em mutação contínua, ao qual ninguém conhece as pontas. A música é um espelho em movimento – e frontal. Toque é rasgo. A compreensão da condição humana tem aqui contributo desde 2005. Casa Ocupada, o mais recente álbum, mantém esse estudo quotidiano que permite a identificação de tantos fragmentos da mole e abre porta ao sucesso visto. É agora mais legível – mais intrínseco. O amor é certamente um combate, tanto mais quando cruzamos olhares com uma tristeza e uma alegria que partilham o rosto – que pode bem ser o nosso».
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