Um projecto que aponta como referências os primeiros álbuns de Madonna ou as bandas-sonoras de John Carpenter suscita, no mínimo, alguma curiosidade. E o de Ida No e Johnny Jewel tem definido, desde 1996, um caminho que já se mostrou frutífero, com vários temas presentes em compilações ou DJ sets, em especial quando estes incluem revisitações do italo-disco.

"B/E/A/T/B/O/X" (2007), o seu último álbum de originais, tornou os Glass Candy ainda mais associados a esse subgénero. Se há poucas semanas os Hercules and Love Affair deixaram, também no Lux, um estupendo exemplo de revitalização do disco sound, a dupla norte-americana deverá apostar em sonoridades mais espaciais, densas e crepusculares. Mas não necessariamente menos dançáveis e envolventes, como o comprovam canções na linha de "Candy Castle", "Computer Love" (versão do tema homónimo dos Kraftwerk, mais uma das inúmeras referências) ou o novo single, "Feeling Without Touching".

Esta vertente mais sedutora e espacial da música dos Glass Candy, presente nos seus últimos registos, contrasta com os primeiros dias da dupla, ancorados no lado mais agreste do pós-punk. Hoje, a metade feminina do projecto, Ida No, remete para a época de ouro de Debbie Harry (dos Blondie) ou Jane Fonda, embora com um toque mais enigmático. Já a metade masculina, Johnny Jewel, está também ao comando dos Chromatics e Desire, outras bandas que, tal como os Glass Candy ou os óptimos (e mais ignorados) Parallels, fazem dançar a partir da música menos óbvia de inícios dos anos 80. Na pista do Lux, esta quinta-feira, esse propósito deverá ser atingido sem grandes dificuldades.

Local: Lux, Lisboa
Data: 10 de Março
Início do concerto: 23 horas
Preço dos bilhetes: 18 euros

@Gonçalo Sá

Videoclip de "Feeling Without Touching":

Videoclip de "Life After Sundown":

Videoclip de "Digital Versicolor":