A obra, escrita para orquestra, cordas, piano, voz, é descrita pela agência France Presse simultaneamente "audaz e acessível", herdeira da tradição de Claude Debussy ou de Joseph-Maurice Ravel.

Dutilleux foi um dos raros compositores que, abarcando quase um século, fez a ponte entre os períodos antes e depois da segunda grande guerra, atravessando diferentes correntes musicais, cujo legado deverá perdurar depois da morte.

Entre 1945 e 1963, dirigiu o serviço de música da Radiodifusão Francesa, contactando com músicos de diferentes tendências, que o terão influenciado também na composição.

Em 1967, recebeu o Grande Prémio de Música de França pelo conjunto da obra, "eminentemente poética", sublinha a France Presse.

Em janeiro passado, por ocasião do 97.º aniversário, foi editada em disco a sua derradeira composição, "Correspondances", de 2003, com base em cartas de escritores e artistas – Rilke, Solzhenitsyn, van Gogh -, gravada pela Orquestra Filarmónica da Radiodifusão Francesa, dirigida pelo maestro Esa-Pekka Salonen, discípulo de Dutilleux.

“Tout un monde lointain” (1970), para violoncelo e orquestra, inspirado em Charles Baudelaire, e “As Sombras do Tempo”, de 1997, inspirada no “Diário de Anne Frank”, eram as outras obras de Dutilleux incluídas neste disco.

A sofisticação de Dutilleux e a versatilidade do seu percurso, como compositor, pedagogo e programador, são perspetivas destacadas pelo IRCAM, Instituto de Pesquisa e Coordenação Acústica, do Centro Georges Pompidou, em Paris.

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