Mal pisa o palco, Jorge Palmaé imediatamente recebidocom um enorme aplauso de boas vindas. Poderia ter que conquistar o público, mas eles já se renderam à sua presença. A sua genialidade antecede-o. Chega vindo da rua, ainda encasacado, e age como se o palco fosse a sua própria casa… Parece que hoje tem visitas! De facto, a maior sala do Hard Club estava repleta.
Jorge Palma acaba de lançar o seu último álbum, "Com Todo O Respeito", e é por aí que começa o seu repertório. A Chuva Cai é o primeiro de muitos temas a desfolhar noite dentro.
Se nos dois primeiros dias, a média de idades na audiência estaria nos 20 anos, hoje a faixa etária eleva-se bastante. Sente-se o ambiente próximo e aconchegante de uma relação com o público que já dura uma vida e atravessa várias gerações.
O concerto de Jorge Palma tem um papel distinto neste Christmas Club: é como madrugada de Natal, aquele momento em que as crianças já foram dormir e há lugar para provar o bolo-rei e beber um bom vinho. A certa altura, confessa de forma cúmplice: "Esta voz é dos ares da Ribeira…". E continua com novidades, apresentando o seu novo single, Página em Branco, mas não resiste por muito tempo, e logo de seguida faz uma visita a Cara de Anjo Mau, um tema inesperado no alinhamento.
Passou para Tudo Por Um Beijo e foi com um sorriso maroto no canto dos lábios que iniciou os primeiros acordes de Dormia Tão Sossegada. O público seguia em êxtase e foi lindo ver alguns rostos cansados iluminarem-se quando se ouviu o tema Dá-me Lume. As vozes seguiam em uníssono cada palavra cantada e eram muitos os objectos de última geração no ar, a captar os momentos inesquecíveis.
Foi assim, sempre em amena cavaqueira com o público, que foi revelando as suas mais recentes canções, sendo que,lá pelo meio, alguém gritou, sem margem para dúvidas: "És o maior!".
O espectáculo foi em crescendo até ao seu fim, passando pelo Bairro do Amor, por Deixa-me Rir, Encosta-te a Mim, pelo tema que dá nome ao último álbum, Com Todo o Respeito, e pelo tão esperado Frágil.
Quem o acompanha em palco é o seu filho, Vicente Palma, e, a propósito da sua relação profissional, Palma tem uma tirada de génio: "Mas isto não é uma democracia, é uma tirania. Aliás, são várias tiranias, por isso acaba por ser uma democracia. Vamos pensar nisso". Talvez para acompanhar esta reflexão, Jorge Palma também nos presenteou com o mítico Portugal, Portugal, algo nada comum nos últimos espetáculos e que assenta como uma luva à luz de tudo o que tem vindo a acontecer no nosso país este ano.
A favor do espírito natalício, Jorge Palma ainda nos trouxe uma boa notícia:um concerto a solo em Vila Nova de Gaia, a decorrer no dia 14 de janeiro, no Auditório Municipal.
Texto: Iris Rocha
Foografias: Filipa Oliveira
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