Logo a abrir tivemos
Paus com fartura e com toda a pujança a que a banda já nos habituou. Esta é uma entrada que já é um prato forte,e começa logo "a doer", com o tema
Língua Franca a chamar o pessoal para a mesa. Os rapazes estão pela segunda vez no Porto com o seu novo álbum, e para os seguidores fiéis desta banda será fácil notar a evolução da sua performance ao vivo. O quarteto estava "on fire" e deu um concerto fantástico. Surpreendente foi a incrível performance vocal de Joaquim Albergaria, mais inflamada e emocionada que o costume. Afinal o público portuense já "é de confiança", tanto que até já se reconhecem bastantes caras conhecidas na audiência. E para representar ainda melhor o espírito natalício, desta vez, os meninos até deixaram os calções rotos de lado.

A noite continuou com o público a saltar entre a sala um e dois, sempre numa pontualidade milimétrica. Na sala dois era agora a vez dos Iconoclasts brilharem, neste que foi o seu primeiro concerto no Porto. Eles foram os vencedores do Festival Termómetro e ao vê-los em palco é fácil perceber porquê. Cada um dos jovens elementos parece vir de um contexto completamente diferente, no entanto existe algo em que todos se encontram: a intensidade com que interpretam os seus temas. São poderosos na forma energética com que se expressam e é impossível ficar-lhes indiferente.

Continuámos a girar à volta da mesa do Hard Club, mas neste festim de Natal o bacalhau foi deixado de lado. O Bife de Natal dos doismileoito foi um dos pratos principais mais esperados e não desiludiu. O tema foi escrito o ano passado, especialmente para a quadra natalícia e poderia ser o hino desta celebração. Os rapazes da Maia lá continuaram o seu repertório, alegres como catraios, incidindo principalmente sobre o último álbum "Pés Frios". Temas como Quinta-feira ou o antiguinho Acordes c/ Arroz foram um autêntico "sing-along" acompanhado por uma audiência repleta de seguidores atentos da banda. No entanto, mesmo estes deixaram-se surpreender com este concerto.

Já quase a fechar os concertos da primeira noite chegam os The Doups, com o seu disco de estreia "Smalltown Gossip". João Rodrigues diz-nos: "Pessoal, vamos dançar." e o público acede com facilidade ao seu pedido. Afinal, as malhas bem esgalhadas e o ritmo dançável não pede outra coisa. A banda esteve pela primeira vez no Porto em Outubro, na D'Bandada da Optimus Discos, e é ainda com mais vigor que a encontramos agora.

Finalmente chega We Trust de André Tentugal, como uma sobremesa de sabores requintados servida em loiça de porcelana. Aqui nenhum dos detalhes foi deixado ao acaso, tudo foi pensado até ao mais pequeno pormenor, deixando revelar uma bela aura cinematográfica que envolve a audiência entre o suspense e a luxúria. Assim foi apresentado no Porto o novo álbum "These New Countries". O espetáculo ainda contou com a participação especial de Graciela Coelho dos Dear Telephone, que aqueceu o palco com a sua voz feminina e envolvente no tema Reasons. Um dos momentos altos terá sido inegavelmente o momento de Time. O single já tão conhecido do público não deixou ninguém parado e todas as vozes se elevaram para cantar o grande motto "Better not stop moving".

Saímos deste primeiro dia de barriga cheia, mas não saciados por completo… para isso ainda nos restam mais duas noites de muita e boa música.

Texto: Íris Rocha
Fotografias: Filipa Oliveira