Quando somos catraios, ensinam-nos desde logo algumas regras de segurança que mantemos presentes como máximas: não falar com estranhos, não aceitar presentes de desconhecidos, não abrir a porta de casa sem sabermos quem se encontra do outro lado. Depois de terminada a muda de fraldas, arrumada a chupeta e na fase em que o mais apetecível é sair com os amigos e deixar os pais em casa, outros conselhos nos são dados de graça. Um deles é que devemos evitar as praias não vigiadas, para não corrermos o risco de termos chatices como cabeças partidas ou, o que ainda é mais aborrecido, afogamentos.
Ontem à noite, na visita dos Best Coast à Lusitânia, o Lux transformou-se numa praia sobrelotada e sem qualquer vigia sonoro, propícia a acidentes de um verão vivido fora de época e com muito pouco juízo.
O que dizer de um concerto em que a qualidade sonora esteve ao nível da época futebolística do Sporting (perdoe-me os leões e as leoas)?
A voz de Bethany Cosentino parecia um fantasma de tão sumida; o baixo de Bob Bruno levantava ondas sonoras destrutivas que silenciavam tudo o resto; a bateria de Ali Koehler soava como se estivesse a fazer um frete, perdida no meio de tanta indefinição; as guitarras, depois de muito arranhar, traziam consigo um feedback que, ao contrário do dos Sonic Youth, estava longe de ser uma delícia para os ouvidos. Apelidado de noise pop, o som dos Best Coast teve tudo de noise e nada de pop, numa experiência ao vivo que esteve longe de satisfazer até um ouvinte menos dado a grandes preciosismos.
Quem esteve nesta praia com o intuito de se meter numa surf trip inesquecível, deparou-se com um mar tão flat que mais parecia uma banheira decorada com patinhos insufláveis.
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