A Câmara do Porto propôs hoje o regresso dos músicos ao centro comercial Stop sob condição do cumprimento de medidas de segurança no período até ao final de licenciamento da obra, que deverá estender-se até outubro.
Da proposta feita pelo município faz parte a presença de uma equipa de bombeiros sapadores à porta do Stop durante as 12 horas diárias em que poderá funcionar, sete dias por semana, mais ações de formação em segurança.
Bruno Costa, da associação Alma Stop, agradeceu a proposta e frisou que “ainda tem de ser analisada com cuidado” e que irão “ouvir toda a gente”.
“Isto resolve uma série de problemas, falamos da segurança do edifício (…) mas posto isto uma das coisas que teremos de discutir é o horário porque nenhum de nós, obviamente, quer ir contra a lei do ruído (…) mas é importante falar de coisas como cargas e descargas pois a maioria das atuações é à noite e, por esse motivo, há que levar as coisas para o local no final dos concertos”, descreveu o músico.
Bruno Costa assegurou ainda que a manifestação agendada para segunda-feira à tarde se mantém porque é necessário “mostrar o quão importante o centro comercial é para a cultura local, nacional e internacional dada a quantidade de artistas que dá concertos lá fora que tem contratos discográficos com editoras lá fora”.
Sobre a opção Escola Pires de Lima expressou a necessidade de averiguar as “condições e o espaço”, admitindo poder “funcionar em simultâneo com o Stop”.
“A nossa prioridade é o Stop (…) que é um local emblemático. Vamos discutir tudo isto ainda hoje a fundo”, disse, manifestando a “esperança e a convicção” de que vão conseguir regressar ao centro comercial.
Rui Guerra, da Associação Cultural de Músicos do Stop, enfatizou também a necessidade de ouvir toda a gente antes de tomar uma decisão.
“Esta seria uma boa solução a curto prazo. Muitos de nós estamos parados por falta de condições para ter o material, e esta situação permite-nos reabrir as salas e recomeçar em breve a trabalhar”, admitiu o dirigente.
Sobre a questão dos horários defendeu que “não é o ideal, mas já não é mau” e terminou a revelar que “as soluções hoje comunicadas, basicamente, foram as pedidas pelas duas associações na reunião de quinta-feira [com a Câmara do Porto).
Na terça-feira, mais de uma centena de lojas do centro comercial Stop foram seladas pela Polícia Municipal “por falta de licenças de utilização para funcionamento”, justificou a Câmara Municipal do Porto.
Centenas de músicos ocuparam durante cerca de cinco horas a Rua do Heroísmo em protesto, obrigando a polícia a desviar o trânsito automóvel para outras artérias da cidade.
O centro comercial Stop funciona há mais de 20 anos como espaço cultural e diversas frações dos seus pisos são usadas como salas de ensaio ou estúdios por vários artistas.
Em conferência de imprensa, na quarta-feira, o presidente da Câmara do Porto garantiu que não vai autorizar a construção de "nenhum hotel" no local do centro comercial e que a compra do edifício pela autarquia não é viável.
“Eu não sei de nenhum interesse imobiliário e posso-lhe dizer uma coisa, a Câmara Municipal do Porto não autoriza ali a construção de nenhum hotel, se for caso disso. (…) A história de que o que nós queremos é gentrificar aquilo parece-nos uma história absurda”, respondeu Rui Moreira quando confrontado com acusações de alegados interesses imobiliários estarem na origem da selagem das lojas.
A Câmara do Porto apresentou duas alternativas para o realojamento dos músicos, nomeadamente a escola Pires de Lima e os últimos andares do Silo Auto.
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