É neste contexto que surge “Really?!”, álbum de estreia dominado por “um rock muito sincero, música de impacto, com algumas influências punk e algum electro”, conta Catarina. A baterista confessa admiração nomes como Breeders, Bikini Kill ou os mais recentes Gossip, mas ao ouvirmos “Really?!” também nos lembramos dos longínquos X-Ray Spex ou Raincoats (onde, curiosamente, militava uma portuguesa, Ana da Silva), num alinhamento que cruza cenários do pós-punk de finais dos anos 1970/inícios de 1980 com a crueza do grito riot grrrl, uma década depois, e a recontextualização feita nos anos seguintes por bandas como as Le Tigre (de quem as Anarchicks se aproximam nos momentos mais eletrónicos).

Com o disco pronto, é altura de Ana, Catarina, Helena e Priscila se atirarem aos palcos. O concerto de apresentação decorreu no Musicbox, em Lisboa, numa sala esgotada e quase sempre efusiva ao longo de uma hora. Apesar de concentradas a promover o novo disco, Ana e Catarina salientam a magia das atuações. “Acho que ao vivo é uma experiência diferente, é uma coisa muito mais imediata, há muito mais contato entre a banda e o público, e acho que temos muito a ganhar dos concertos em relação ao álbum”, diz Ana. Partilhando do mesmo entusiasmo, Catarina acrescenta que “o álbum é uma coisa mais trabalhada e polida, mas o concerto é mais extravasante”.

O facto de as Anarchicks serem uma banda só de elementos femininos diferencia-as no universo musical português, mas a baterista desvaloriza essa percepção. “Há algumas ideias estereotipadas que se diluem imediatamente depois de um concerto porque deixamos de ser só raparigas e passamos a ser músicas que estamos em cima de um palco”, conclui Catarina.

A anarquia de “Really?!”, gravado nos Blacksheep Studios por Makoto Yagyu (PAUS, If Lucy Fell, Riding Pânico) e Fábio Jevelim (Blasfêmea), já está nas lojas e promete ter continuação (e expansão) num palco próximo ao longo de 2013.

@Gonçalo Sá e Inês Alves