O londrino de 33 anos tem voz e porte de ator de teatro. E não é de estranhar, já que estudou em Cambridge, forno para muitos nomes sonantes da representação clássica.
Para além dos papéis no palco, no cinema vimos
Tom Hiddleston como F. Scott Fitzgerald em
«Meia-Noite em Paris», de
Woody Allen, e como um nobre militar britânico em
«Cavalo de Guerra», de Steven Spielberg.
Mas o seu trabalho com maior protagonismo chegou com
«Thor», onde interpretou o irmão desavindo do protagonista, papel que agora recupera em
«Os Vingadores», o filme da Marvel que esta semana estreia em Portugal e que junta uma liga de super-heróis para lhe fazer frente.
Em Londres, à conversa com o SAPO, explicou como construiu o seu vilão, a partir de muitos outros que escreveram páginas de História.
Construir um vilão
«Todas as manifestações do mal têm geralmente uma origem emocional, num desgosto ou num dano psicológico. Eu não sou psicólogo, e ainda bem, mas, enquanto ator, tenho o privilégio de explorar a natureza humana.
A minha visão sobre pessoas que fazem más escolhas e que acabam por ser etiquetadas como vilões é que elas foram motivadas por algum tipo de dano, de espírito derrotado. Se olharmos para todos os vilões na Historia da Humanidade, todos eles acreditavam na virtude das suas ações. A história do fascismo está carregada de pessoas que precisam de subjugar os outros e elevar o seu poder a um nível supremo. Mas todos os vilões são heróis na sua própria mente.»
Ser catalogado com um ator/vilão
«Quando estamos a começar a carreira de ator as pessoas tendem a querer saber quem nós somos, porque saber em que papéis dos devem colocar. Somos todos culpados, nas nossas vidas, de julgar as pessoas demasiado rapidamente. Os atores que eu cresci a admirar são aqueles que consistentemente surpreendem as pessoas. Posso nomear alguns dos meus heróis na representação, como o Gary Oldman, o Daniel-Day Lewis, o Ralph Fiennes. O
Robert Downey Jr. é um enorme herói para mim.»
Sobressair no meio dos heróis
«O
Joss Whedon tinha escrito uma personagem com tanto carisma que eu não estava preocupado em sobressair entre todos os outros protagonistas. Uma coisa que me preocupava é que tinha de ser terrível o suficiente para justificar que todos estes heróis tivessem de se juntar para me combater.»
O super-herói da sua infância
«Eu idolatrava o
Christopher Reeve no papel de Super-Homem. Na semana do meu 'screen test' para o
«Thor» fui a um clube de vídeo em Santa Monica, onde eu estava a ficar, e aluguei o
«Super-Homem», do
Richard Donner. Eu já tinha os diálogos comigo que eram bastante teatrais e rígidos, queria chegar a uma forma de os fazer resultar e pensei que se havia quem o tivesse feito na perfeição tinha sido o
Christopher Reeve como Super-Homem.
Vi o filme outra vez e, embora a tecnologia tenha avançado, a história é tão coesa, tão doce e tão envolvente que eu ainda acreditava nela.»
O trabalho com Kenneth Branagh, ator e realizador de «Thor»
«Trabalhar na personagem de Loki com o
Kenneth Branagh foi uma das melhores experiências da minha curta carreira na representação. Para construir a personagem usámos os mitos nórdicos, a banda desenhada e ele trouxe o seu conhecimento de 'storytelling'. Construimos uma personagem que acho que é muito 'cool', fascinante e complicada.
O
Joss Whedon (realizador e argumentista de «Os Vingadores») adorou o filme e adorou a personagem. No final da rodagem, disse-me que a personagem também ia estar nos Avengers. Agora podíamos pegar nela e desenvolvê-la e torná-la mais ameaçadora e perigosa.»
De Oxford para Cambridge
«Eu cresci em Oxford mas estudei em Cambridge. Cambridge é uma fábrica de talento. Toda a gente tem a noção que muitas pessoas que começaram em Cambridge, continuaram e fizeram coisas ótimas, como o
Sam Mendes, a
Tilda Swinton, o
Hugh Laurie e a
Emma Thompson.»
A cena em que Hulk arrasa Loki
«Fisicamente foi muito intensa. O
Mark Ruffalo filmou as cenas com o Hulk digital em «motion capture». Todas essas cenas foram filmadas nos estúdios da Industrial Light & Magic em São Francisco e, num dos dias, ele usou uma espécie de boneco para fazer de Loki que tinha de atirar contra o chão repetidamente.
Quando eu filmei a cena, estava sozinho. Tive de gritar com um ponto fictício. Fui puxado por um tornozelo e tive de me atirar para o chão, o que é no fundo um ato de loucura. Foi um pouco doloroso mas também divertido. Tudo em nome do entretenimento.
Dá-me imenso prazer que esse momento proporcione uma das maiores gargalhadas da noite. Na antestreia recebeu aplausos e eu sabia que quanto mais arrogante fosse, mais engraçado seria.»
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