O novo filme de ação da Marvel “Thunderbolts*” (o asterisco é intencional e será explicado aos espectadores), que se estreia a 1 de maio nos cinemas portugueses, vai explorar o tema da saúde mental através de um gangue de anti-heróis que não tem particular interesse em salvar o mundo.

“Tivemos muitas discussões sobre como seguir a linha e abordar estes tópicos menos discutidos em filmes de larga escala”, disse o ator Lewis Pullman, uma das estrelas, numa conferência de imprensa de lançamento do filme em que a Lusa participou.

“Cresci com bastante ansiedade e a sofrer de depressão”, confessou o ator, referindo o paralelo entre a sua experiência real e aquilo que o seu personagem Bob enfrenta.

“Era um grande objetivo do filme livrar-nos do sentimento estranho que temos quando falamos sobre isto”, adicionou. “É no silêncio que o verdadeiro sofrimento ocorre”.

A ação de “Thunderbolts*” situa-se em 2027, após os acontecimentos de “Capitão América: Admirável Novo Mundo”, que são brevemente referenciados na trama. Gira em torno de uma equipa de anti-heróis desiludidos, que se juntam de forma acidental para sobreviverem a uma armadilha de Valentina Allegra de Fontaine (Julia Louis-Dreyfus).

A equipa é composta por Yelena Belova (Florence Pugh), Bucky Barnes (Sebastian Stan), Guardião Vermelho (David Harbour), Fantasma (Hannah John-Kamen), Taskmaster (Olga Kurylenko) e John Walker (Wyatt Russell).

Florence Pugh contou que fez uma porção razoável das acrobacias da sua personagem, incluindo uma cena que leva à queda fenomenal de um dos edifícios mais altos do mundo.

“Ela está perdida, já não tem razões para estar aqui”, disse a atriz. “Perdeu a irmã, perdeu a família, não tem relação com o pai. Está num estado mental em que não se importa de se colocar em risco”.

Esse vazio é um dos aspetos da sua saúde mental que se torna importante na história e que levou Florence Pugh a não querer usar um fato de heroína, mas sim um fato de treino que a deixa exposta e aumenta o risco. “Adiciona textura ao seu desespero para que alguém acabe com ela”.

O filme expõe o trauma de Yelena e traz de volta o seu pai, Guardião Vermelho, que vê nesta aventura uma última oportunidade de regressar aos dias de glória. O ator David Harbour disse que essa obsessão “vem de uma perturbação do falhanço” nestes lugares muito sombrios.

John Walker, que quer ser um herói nacional como o Capitão América, sofre de uma versão da mesma obsessão do Guardião Vermelho.

“É um reflexo da sociedade atual, em que ninguém faz nada por razões altruístas”, considerou o ator Wyatt Russell. “Estamos todos à espera que haja uma câmara apontada para nós e nos torne famosos no TikTok ou Instagram”.

Russell descreveu John Walker como o tipo de herói americano que usa o desporto e a boa forma física para mascarar sentimentos. “Tem de vestir uma armadura e pôr de lado as suas vulnerabilidades. Nunca admitir que se sente mal”, continuou. “Não quer falar com ninguém sobre isso porque, quando o faz, essa nesga de vulnerabilidade pode destruí-lo”.

Todos estes temas são trazidos à baila num filme realizado por Jake Schreier ao qual não falta ação, efeitos visuais e cinematografia espampanante. A banda sonora, escrita pela banda Son Lux, é integrada como se fosse mais um personagem.

A Marvel tem expectativas elevadas para o desempenho de “Thunderbolts*”, que se estima ter custado entre 150 e 200 milhões de dólares a produzir. As projeções são de receitas em torno dos 175 milhões de dólares no arranque global, com base em pré-vendas e na receção inicial da crítica, que tem sido positiva.

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