O filme tem estreia comercial em Portugal após ser exibido “em mais de 25 festivais nacionais e internacionais e de ter arrecadado quatro prémios, entre eles a Melhor Longa-Metragem Portuguesa no IndieLisboa 2021 e o Prémio de Imprensa CISION no Caminhos do Cinema Português”, refere a produtora num comunicado hoje divulgado.
Em “No Táxi do Jack”, que entrelaça elementos de documentário e ficção, Susana Nobre recupera a história de um homem que conheceu há mais de dez anos, quando trabalhou como profissional de validação de competências no programa de formação Novas Oportunidades, no concelho de Vila Franca de Xira.
Antigo mecânico de aviões, Joaquim Calçada emigrou para os Estados Unidos anos antes da revolução de Abril, tendo sido sobretudo motorista de táxis e limusinas, e só voltou a Portugal vinte anos depois, para Alhandra (Vila Franca de Xira), à beira de se reformar.
Para não perder benefícios a caminho da reforma, inscreveu-se no centro Novas Oportunidades e foi aí que conheceu Susana Nobre.
Perante uma figura “um pouco excêntrica, americanizada”, cheia de histórias “muito, muito fabulosas” sobre a vida nos Estados Unidos, e com um espírito de aventura e empreendedorismo, Susana Nobre encontrou em ‘Jack’ matéria para um novo filme.
“Eram todas as histórias da América, a complexidade moral que eu achava muito interessante. Era tão solidário com as pessoas à volta dele, que é uma coisa que vem da experiência de emigrante, mas também um instinto de sobrevivência, de ter que se manter à tona. O filme sugeria-me logo esta ideia, de poder fazer um filme entre duas geografias completamente diferente, Alhandra e Nova Iorque”, disse a realizadora, em entrevista à Lusa, em fevereiro do ano passado.
No filme, Susana Nobre segue Joaquim Calçada num périplo de empresa em empresa em busca de carimbos para certificar que está à procura de emprego nos meses que lhe faltam para a reforma.
Ao mesmo tempo, recorda a chegada aos Estados Unidos, como se tornou taxista em Nova Iorque e aprendeu mentalmente o mapa social e económico citadino, e como compreendeu as mudanças económicas da cidade, como motorista de limusina.
O filme, rodado na primavera de 2019, pouco ou nada tem de Nova Iorque, exceto um plano em movimento, que atravessa a esquadria de prédios e alcatrão da cidade, e que cita uma curta-metragem do documentarista francês Raymond Depardon.
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