Foi nos arredores de Colónia, na Alemanha, num antigo aeródromo agora deixado ao abandono, que encontrámos um aparato de carros de Fórmula 1, boxes improvisadas e dezenas de pessoas vestidas à melhor moda dos anos 70 (de calça à boca de sino para cima).
E não, não estivemos numa festa temática, estivemos na rodagem de
«Rush - Duelo de Rivais», o novo filme de Ron Howard, sobre a rivalidade entre os dois históricos pilotos de Fórmula 1, Niki Lauda e James Hunt.
O filme é dirigido por
Ron Howard (
«Apollo 13»,
«Uma Mente Brilhante»), tem argumento de
Peter Morgan (
«A Rainha»,
«Frost/Nixon») e é protagonizado pelo alemão
Daniel Brühl, como Niki Lauda, e por
Chris Hemsworth, como o seu rival James Hunt. A ação centra-se no acidente quase fatal que Lauda sofreu no Grande Prémio de 1976 e no seu regresso, para enfrentar o seu grande rival.
Para falar connosco, Ron Howard correu entre cenas e Daniel Brühl saiu da sala de caracterização totalmente «in costume» para nos dar dez minutos do seu tempo.
Listamos os temas quentes de «Rush» pelas palavras do protagonista e do realizador do filme.
Um filme sobre rivais
Ron Howard: «Uma das coisas que me atrai para a história é que é invulgar de muitas formas. Apesar de ser um grande filme, e muito ambicioso visualmente, não é o tipo de filme que os estúdios queiram fazer atualmente. Como realizador, é uma oportunidade rara, neste clima de crise, poder fazer este filme.
Não é sobre bons e maus da fita. É um conjunto complexo de relacionamentos. Não vai pedir ao público para escolher um lado, vai sim convidar a audiência a viver a rivalidade de duas perspetivas diferentes.»
A escolha de Daniel Brühl e Chris Hemsworth
Ron Howard: «O Peter Morgan defendeu desde início o Daniel Bruhl para o papel. Tendo conhecido o Niki (Lauda), ele achava que era a escolha certa e quando eu conheci o Daniel, concordei imediatamente. Eu só o tinha visto no «Sacanas Sem Lei» mas depois vi alguma da filmografia dele, com interpretações em várias línguas. Ele é um verdadeiro artista, muito impressionante. Quanto ao Chris Hemsworth, participou numa audição. Eu vi o vídeo da audição e imediatamente soube que ele era ideal para o papel de James Hunt.»
Retratar Niki Lauda no cinema
Daniel Brühl: «Por um lado, deixa-me muito nervoso interpretar um tipo que é muito famoso, ainda está vivo e é tão especial como o Niki mas, por outro lado, é uma grande vantagem tê-lo como fonte de informação.
Demo-nos muito bem e, por isso, pude perguntar-lhe tudo o que precisava para a personagem. Ele foi muito aberto e respondeu a tudo. Eu estava muito nervoso antes do nosso primeiro encontro e ele disse-me ao telefone 'traz só bagagem de mão, para o caso de não gostarmos um do outro'. Felizmente, gostámos muito um do outro, passámos três dias juntos em Viena e, depois disso, ele até me levou ao Grande Prémio do Brasil, que foi a melhor parte da experiência que tive com ele.
Tive de treinar o sotaque austríaco porque não podia falar com o meu sotaque alemão. Houve um dia em que o Niki me ligou de manhã, de um número que eu não conhecia, e me disse 'Ya, é o Niki. Está bom. Bom sotaque.' Foi um grande alívio. Também tive de fazer um curso de Fórmula 3 e conduzi esse carros. Estes (de Fórmula 1) conduzi uma vez ou outra. É uma sensação ótima, percebemos porque é que os pilotos são viciados nisto.»
Ron Howard: «O Niki Lauda não está formalmente envolvido no projeto mas sempre esteve disponível para responder às nossas perguntas. Tivemos encontros com ele mas ele não controla nada no filme e não sinto que tenha feito um filme para lhe agradar. Mas o Niki parece compreender isso muito bem.
Fazer um filme sobre pessoas reais ou episódios reais, como no «Apollo 13», «Uma Mente Brilhante» ou no «Frost/Nixon», é um momento de muitos nervos quando o temos de mostrar às pessoas. Fico contente por a minha vida nunca poder ser suficientemente entusiasmante para que alguém queira fazer um filme sobre ela.
Fui a Silverstone e tive a oportunidade de me sentar ao lado do Niki Lauda enquanto ele comentava uma corrida. Antes disso, achava que o início e o fim das corridas eram entusiasmantes mas que no meio podíamos levantar-nos e ir buscar uma cerveja ou ir à casa de banho sem perder nada. Mas, estando sentado ao lado do Niki, com ele a dar-me informação ao minuto, eu só queria saber o que ia acontecer no momento a seguir. Não conseguia levantar-me. Ele conseguia prever o que ia acontecer muito antes de acontecerem. »
Filmar em Colónia, a cidade de Daniel Brühl
Daniel Brühl: «É engraçado ver esta malta toda e o Ron Howard ao pé do sítio onde cresci. Parece um pouco bizarro. Vamos correr os bares no meu bairro. Provavelmente, não devia ter dito isto, foi uma ideia estúpida.»
«Rush - Duelo de Rivais» estreia nos cinemas portugueses a 3 de outubro.
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