Os 24 vídeos, que compõem o projecto, tomam como ponto de partida a história de um personagem verídico, Francisco Leitão, que se auto-intitulava «Rei dos Gnomos», ou «Rei Ghob», apropriação do nome de uma figura mitológica a quem as crenças populares atribuem poderes mágicos. Por meio de vídeos caseiros publicados no Youtube, Leitão atraía jovens para a sua casa no interior do país, uma espécie de castelo, recheado de duendes e esculturas mitológicas, misturados com personagens da Disney.
Alegando ter poderes mágicos, que os poderiam salvar da catástrofe que acometeria o mundo em 2012, Leitão aliciava os jovens para uma espécie de seita, com o intuito de obter favores sexuais. Francisco Leitão viria a ser acusado pela morte de 3 adolescentes. A partir dos vídeos de Leitão, João Pedro Vale e Nuno Alexandre Ferreira criaram 24 pequenos filmes, com duração de entre um e oito minutos cada, em que, através de uma narrativa não linear, reflectem sobre o processo de formação de comunidades e grupos, e sobre a importância de símbolos, rituais, normas e imaginários comuns nesse processo.
Para o Festival de Cinema Queer Lisboa,
João Pedro Vale e
Nuno Alexandre Ferreira convidaram Nicolai Sarbib aka CVLT, responsável pela banda sonora original do filme «O Rei dos Gnomos», para apresentar um live act, a decorrer após a exibição do filme. Deste modo, a projecção prolonga-se numa festa, onde os diferentes clips são manipulados, propondo diferentes leituras sobre os clips originais.
«O Reino dos Gnomos» é exibido hoje, às 23h50, no Teatro do Bairro, em Lisboa.
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