A equipe do filme "Leto", do russo Kirill Serebrennikov, comemorou, esta quinta-feira (10), em Cannes, o "importante apoio" no Ocidente e de "muita gente" na Rússia pela situação do cineasta, sob prisão domiciliária.
"É, evidentemente, um pouco amargo. Se Kirill estivesse livre, seria muito melhor, mas há um grande apoio no Ocidente", disse à imprensa Ilya Stewart, coprodutor do filme sobre a cena do rock "underground" do início dos anos 1980 em Leninegrado (atual São Petersburgo).
"Também há um grande apoio na Rússia [...], muita gente abalada com esta situação", acrescentou o produtor, classificando de "ridícula" a acusação por má gestão de fundos públicos contra o cineasta, sob detenção desde agosto.
Ainda que, em princípio, a ideia fosse fazer um "filme histórico", "Leto" é uma metáfora para a liberdade de expressão na Rússia atual, segundo Stewart sobre o filme na corrida à Palma de Ouro.
"Tudo o que Kirill faz no seu trabalho, seja na dança, no teatro, ou em qualquer um dos seus filmes [...] é sobre a atualidade", garantiu.
Serebrennikov, diretor artístico do Centro Gogol, um famoso centro de teatro contemporâneo de Moscovo, foi detido pela Polícia a meio da filmagem de "Leto" e a montagem teve de ser feita na sua casa.
Na sua projeção oficial, na quarta-feira à noite, a equipa do filme apareceu com sinais de apoio ao "enfant terrible" do teatro russo.
Rodada a preto e branco, "Leto" conta a vida da lenda do rock soviético Viktor Tsoi e como, no início, foi abraçado por outro músico da cena cultural de Leninegrado, Mike Naumenko, e sua mulher, Natasha.
A imprensa destacou a sua impressionante banda sonora, que inclui referências a Lou Reed, David Bowie e Blondie.
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