Excluindo participações simbólicas e créditos como produtor, Cage já fez quase 120 filmes desde 1981, quando se tornou conhecido do grande público com "A Rapariga de Los Angeles" (1983).

Entre muitas intepretações extravagantes, entre os melhores momentos estão "Morrer em Las Vegas" (1995), o seu Óscar de Melhor Ator, e ainda "O Feitiço da Lua" (1987), "Um Coração Selvagem" (1990), "O Rochedo" (1996), "A Outra Face" (1997), "Por Um Fio" (1999), "Polícia sem Lei" (2009), "Joe" (2013), "Mandy" (2018) e a saga "O Tesouro" (2004, 2007).

Houve ainda os gémeos de "Inadaptado" (2002), outra nomeação para as estatuetas douradas, que andava à volta das tentativas infrutíferas do argumentista Charlie Kaufman para tentar adaptar ao cinema o livro “The Orchid Thief”, de Susan Orlean.

E foi precisamente a escritora que lhe perguntou numa entrevista para a The New Yorker: se alguém nunca viu um filme de Nicolas Cage, qual deveria ver?

A resposta é "Pig - A Viagem de Rob" (2021), sobre um homem que vive em reclusão numa floresta isolada apenas com a companhia de uma fiel porca de procurar trufas, que lhe é roubada durante um ataque violento.

“[É] algo de que acho que as pessoas podem tirar proveito, porque a tragédia vai atingir-nos a todos em algum momento. É só uma questão de quando. É também um filme que, para mim, é como uma canção folclórica. É um filme muito calmo e gentil, que é o oposto de… as pessoas pensarem que sou maluco", revelou.

"Pig - A Viagem de Rob"

Quando Orlean nota que é um filme recente e que talvez seja bom sinal que o seu preferido não seja algo que fez há décadas, o ator concorda: "Sim... acho que [representar] agora é — para mim, pelo menos — mais interessante e pessoal.”

Mas a Inteligência Articial que está a abrir caminho, nomeadamente na indústria no cinema, é algo que assusta Cage, que revela à escritora que a seguir à entrevista vai ter de passar por uma 'digitalização' por causa de um projeto.

“Eles têm que me colocar num computador e combinar a cor dos meus olhos e mudar – não sei. Vão simplesmente roubar o meu corpo e fazer o que quiserem com ele através da Inteligência Artificial digital. Meu Deus, espero que não seja AI. Tenho um medo terrível disso. Tenho falado muito sobre isso”, comenta.

O ator concorda que a descrição é assustadora e acrescenta: "Faz-me pensar onde vai parar a verdade do artista? Será substituído? Será transmogrificado? Onde estará o batimento cardíaco. Isto é, o que vão fazer com o meu corpo e rosto quando morrer? Não quero ter nada a ver com isso!".