Feitas as contas, quase todos os filmes saíram da cerimónia com Óscares:
«A Vida de Pi» ganhou quatro,
«Argo» e
«Os Miseráveis» conquistaram três,
«Lincoln»,
«Django Libertado» e
«007 - Skyfall» receberam dois e
«Guia para um Final Feliz»,
«00h30 - A Hora Negra» e
«Amor» recolheram um. Dos nomeados a Melhor Filme, só
«Bestas do Sul Selvagem» saiu da cerimónia de mãos a abanar.
«Argo» confirmou todas as apostas ao ganhar o Óscar de de Melhor Filme do ano (recebido pelo realizador
Ben Affleck e também pelos produtores
Grant Heslov e
George Clooney), sendo apenas a quarta vez em 85 anos de história da Academia que isso acontece com um filme que não teve sequer nomeação ao Óscar de Melhor Realização.
Affleck não deixou de agradecer a todos os que o ajudaram a subir ao podium 15 anos depois da primeira vez por
«O Bom Rebelde», recordando que por muito que alguns vaticinassem o seu fim o mais importante é voltar a ficar de pé depois de uma queda. O filme recebeu ainda os galardões de Melhor Argumento Adaptado e Melhor Montagem.
Com
«Lincoln»,
Daniel Day-Lewis bateu um recorde ao tornar-se o único intérprete da história a ganhar três vezes o Óscar de Melhor Ator, e não deixou de ironizar com a sua fama de encarnar em demasia as personagens ao agradecer à sua mulher, Rebecca Miller, por ter vivido os últimos 15 anos com vários homens diferentes.
Ang Lee venceu pela segunda vez o Óscar de Melhor Realizador, uma vez mais por um filme que perderia a estatueta de Melhor Filme. Em 2006, ele já tinha ganho por
«O Segredo de Brokeback Mountain» mas viu o galardão principal ir para
«Crash - Colisão», e agora triunfa com
«A Vida de Pi» mas perde o prémio de Melhor Filme para «Argo». Mesmo assim, o seu filme foi o que mais estatuetas levou para casa, arrecadando ainda as de Melhores Efeitos Visuais, Melhor Fotografia e Melhor Banda Sonora, da autoria de Mychael Danna.
Jennifer Lawrence protagonizou sem querer um dos momentos da noite quando ganhou o Óscar de Melhor Atriz por
«Guia para um Final Feliz» e lhe sucedeu o que todos os vencedores dos Óscares mais temem: uma queda aparatosa a caminho do palco. A intérprete reagiu bem ao desastre, ironizando que o aplauso de pé que recebeu foi uma compensação generosa pelo sucedido.
Nas interpretações secundárias, tudo correu como esperado, com
Anne Hathaway e
Christoph Waltz a ganharem, resptivamente, por
«Os Miseráveis» e
«Django Libertado». Este último filme valeu ainda a
Quentin Tarantino o segundo Óscar de Melhor Argumento Original da sua carreira (o outro foi por
«Pulp Fiction»).
Mais inesperada foi a vitória de
«Brave - Indomável» na categoria de Melhor Longa-Metragem de Animação, batendo
«Força Ralph» e
«Frankenweenie», que partiam como favoritos, embora todos os três sejam produzidos pela Disney.
Na cerimónia em que se celebraram os 50 anos de James Bond no cinema, a Academia atribuiu pela primeira vez o Óscar de Melhor Canção a um filme da série,
«007 - Skyfall», partilhado por Paul Epworth e pela própria cantora Adele, que não conseguiu conter as lágrimas.
Pela raridade, o evento mais inesperado na cerimónia foi o de haver um empate, na categoria de Melhores Efeitos Sonoros, cujo Óscar foi repartido en
«00h30 - A Hora Negra» e
«007 - Skyfall», que terão recebido exatamente o mesmo número de votos. Isso só tinha sucedido três vezes na história: em 1995 na categoria de Curta-Metragem de Imagem Real, em 1969 na categoria de Melhor Atriz (partilhada por
Barbra Streisand e
Katharine Hepburn, respectivamente por
«Funny Girl – Uma Rapariga Endiabrada» e
«Um Leão no Inverno») e em 1932 (com
Frederic March e
Wallace Beery a terem uma diferença de um voto, o que as regras da Academia à epoca ainda permitiam ser suficiente para atribuir o galardão a ambos).
Mas o grande vencedor da noite acabou por ser
Seth MacFarlane, que provou ser um dos melhores anfitriões da era pós-
Billy Crystal, rivalizando até com o muito elogiado
Hugh Jackman. O criador de «Family Guy» não se limitou a distribuir piadas no início da cerimónia, como é habitual, mas foi verdadeiramente imparável em termos de humor do início ao fim, muitas vezes com um lado politicamente incorreto que não se associaria imediatamente à Academia de Ciências e Artes de Hollywood. Ainda por cima, não descurou a música, com um número de encerramento dedicado a todos os perdedores cantado a meias com Kristin Chenoweth, e uma performance musical no início que incluiu o número dedicado aos seios das atrizes, atuação que imediatamente se tornou viral nas redes sociais.
O espetáculo foi, aliás, dedicado à música no cinema e, além dos clássicos da Sétima Arte que iam surgindo como música de acompanhamento, houve muito mais números ao vivo que o habitual. Adele cantou o tema de
«007 - Skyfall»,
Norah Jones o de
«Ted», Shirley Bassey provou que ainda tem a garganta de sempre com «Goldfinger» na homenagem a 007. Houve ainda
Barbra Streisand a emocionar com «The Way we Were» no final do obituário em homenagem ao falecido compositor Marvin Hamslisch e, olhando para os musicais da última década,
Catherine Zeta-Jones cantou e dançou «All that Jazz» de
«Chicago»,
Jennifer Hudson mereceu aplausos de pé por «And I Am Telling You I'm Not Going» de
«Dreamgirls», e todos o elenco de «Os Miseráveis» subiu ao palco para dar voz a um «medley» do filme.
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