Lidar com pessoas 'que pensam de forma literal' é 'sempre um problema' na comédia, diz John Cleese.
O lendário comediante de 84 anos teceu vários comentários sobre a sua arte antes da estreia em breve em Londres de uma versão teatral da série "Fawlty Towers" ("A Grande Barraca" em Portugal).
Cleese fundiu três episódios da icónica série da década de 1970 ("They are Communication Problems", "The Hotel Inspectors" e o controverso "The Germans") para uma peça de duas horas, reconhecendo que cortou algumas frases com insultos raciais devido às mudanças sociais.
No entanto, acrescentou que quem escreve comédia também tem de 'enfrentar' pessoas que interpretam as piadas de forma literal, sem levar em conta o contexto.
"Há sempre um problema com a comédia quando se lida com pessoas que pensam de forma literal", disse esta quinta-feira aos jornalistas, citado pela BBC.
Cleese destacou o caso de "Till Death Us Do Part", uma célebre 'britcom' exibida entre 1965 e 1975 em que a personagem principal fazia frequentemente comentários bastante ofensivos.
"As pessoas estavam a rir-se dele, não com ele. Mas também havia pessoas a dizer 'Graças a Deus que estas coisas estão finalmente a ser ditas'", recordou.
“Portanto, está-se a ir contra os que pensam de forma literal sempre que se está a fazer comédia. E quem tem uma mentalidade literal não percebe a ironia, o que significa que, se os levarmos a sério, nos livramos de muita da comédia. Porque não percebem metáforas, ironias, exageros cómicos", esclareceu.
E acrescentou que, 'no que diz respeito a perceber o que as pessoas estão a dizer e a fazer', as pessoas que pensam de forma literal 'não estão a jogar com o baralho todo'.
"Pessoas com mentalidade literal só podem ter uma interpretação do que está a ser dito. Pessoas que não têm uma mentalidade literal podem ver que há diferentes interpretações, dependendo dos diferentes contextos", concluiu.
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