Depois de "Valleys of Neptune" (2010) e "People, Hell & Angels" (2013), a Legacy, responsável pelas reedições e box sets do catálogo Sony Music, lança esta coleção de treze temas, todos gravados em estúdio entre 1968 e 1970.
Quando foi revelada, no final de dezembro, a existência deste disco, um título particular fez tremer os fãs daquele que é considerado o maior guitarrista elétrico da história: "$20 Fine".
A canção, gravada a 30 de setembro de 1969, era desconhecida do batalhão "hendrixiano". "E por uma boa razão, uma vez que é de Stephen Stills, membro da banda Crosby, Stills, Nash and Young. Aqui, Jimi desempenha o papel de acompanhante na guitarra", esclarece Yazid Manou, especialista francês de Hendrix.
Stills, ex-companheiro da cantora francesa Véronique Sanson, "nunca falou desta música", acrescenta este apaixonado, assessor de imprensa por profissão. "Mas, acima de tudo, é a prova de que a família ainda possui coisas que não conhecemos", exclama.
Mas "$20 Fine" justificará a aquisição de "Both Sides of the Sky" por si só, um álbum no qual Hendrix canta na grande maioria dos títulos?
"Sim e não", considera Yazid Manou. "Sim, porque a justificação é a descoberta de algo que nunca ouvimos. Há uma emoção real. Não, porque não é a parte mais notável do disco. Existem novas versões de títulos, como 'Hear My Train Comin', que Jimi trabalhou e retrabalhou durante três anos, e este é de morrer".
Valor seguro
Entre outras faixas notáveis, destacam-se uma versão inédita de "Woodstock" de Joni Mitchell, onde Jimi Hendrix acompanha Stephen Stills, desta vez no baixo, e "Lover Man", no qual o músico se diverte a reproduzir o tema da série de TV "Batman".
"Jimi era fanático por ficção científica", revela Yazid Manou. "A sua irmã Janie contou que a sua alcunha quando criança era Flash Gordon. E de qualquer maneira, com a sua guitarra, ele era como uma criança com o seu brinquedo favorito. Não parava de se divertir no estúdio. E mesmo durante os concertos! Em Monterey, concluiu o seu set com 'Wild Thing', a tocar 'Strangers in the Night' de Franck Sinatra".
Segundo Eddy Kramer, "Both Sides of the Sky" deverá ser o último álbum póstumo de Jimi Hendrix.
"Mas ninguém pode colocar a mão no fogo e apostar que em alguns anos não haverá outros. Jimi passou muito tempo a tocar com outros artistas como Stills. Por isso, pode haver algumas músicas a descobrir", espera Yazid Manou.
O que é certo é que Hendrix ainda vende muito bem, já que os dois discos póstumos anteriores atingiram cumulativamente um milhão de cópias em todo o mundo.
"Agora, a Experience Hendrix LLC, detentora dos seus direitos, vai concentrar-se nos livros. Porque não remasterizar algumas gravações pirata ? O Santo Graal, no Royal Albert Hall de Londres, a 24 de fevereiro de 1969. Vai fazer 50 anos em 2019. Caía bem", sorri Yazid Manou.
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