A agência Lusa encontrou os “Zany”, como se costumam apelidar, na freguesia de Mouquim, no estúdio onde diariamente trabalham, não só nos ensaios e na preparação dos álbuns, mas também na editora discográfica Meifumado que constituíram há uns sete anos.

Sobre a origem da ideia de lançarem 12 álbuns este ano, Zé Nando explicou que o grupo tem “muitas horas de material gravado, é quase um documentário do que foi a nossa vida nos últimos 10 anos”.
“Começámos a ouvir e percebemos que era música que estava cristalizada e que já tinha a nossa própria estética. Tomámos essa decisão consciente de pôr tudo cá para fora, porque o que tínhamos era bom”, acrescentou Paulo Zé.
E todos os meses, este grupo, constituído por elementos com idades que vão dos 35 aos 40 anos, apresenta um novo trabalho na página da internet da editora.

Há cinco álbuns que já estão disponíveis, apenas em formato digital, e podem ser descarregados por cinco euros cada um.

Sobre a procura destes trabalhos, Duarte Araújo explica que tem sido a que estavam “à espera”, tendo em conta que é apenas música instrumental, não tem voz, não tem letras e às vezes nem tem melodia”, ironizou ainda Zé Nando.

É verdade que os “Zany” não são um grupo recente e surgiram “fruto de uma amizade de longos anos”, contou Duarte Araújo lembrando os “tempos de escola” em que já eram amigos e também nessa altura tocavam juntos.
“Crescemos a ouvir música, a tocar sempre com imensas referências e influências uns dos outros”, apontou.

Fruto dessa amizade, a determinada altura, a ‘Zany’ “nasceu”, através de um processo algo moroso, mas “sem propósito específico”, acrescentou.
“Nós não encontramos a ‘Zany’, ela é que nos encontrou a nós”, concretizou Zé Nando.

Em relação ao futuro, nenhum dos ‘Zany’ faz a mínima ideia do que possa ser, sendo certo que, e para já, querem “terminar a empreitada dos 12 álbuns”, disse Sérgio Freitas.
Depois “logo se vê, mas, à partida” a ideia é “continuar a redescobrir” o que se tem “feito até agora”, previu Paulo Zé.

Com gravações de improviso e sem ideias pré-concebidas do que vão criando, os “Zany” consideram-se uma “banda de estúdio” e já fizeram alguns concertos, um deles na Casa da Música, no Porto, mas preferem ambientes “mais intimistas”.
É evidente que se surgirem convites para atuarem em outro tipo de espaços, vão “aproveitar a oportunidade”, anunciou Paulo Zé.

O trabalho da banda pode ser seguido e apreciado no sítio da internet http://www.meifumado.com/.

Com os álbuns já editados, pode-se ter “uma relação de companheirismo”, até porque há músicas que têm a duração de dez minutos. Não são digeríveis em pouco tempo”, frisou ainda.

A ‘Zany’ rejeita, pelo menos nesta fase, fazer campanhas de marketing ou publicidade do seu trabalho, uma vez que é algo em que o grupo não acredita, porque a “vida está saturada desse tipo de ferramentas”, referiu Zé Nando. Pretendem apenas que “as pessoas se encontrem e criem afetos” com o que tocam. “Não fazemos música para empurrar pela garganta abaixo de quem nos ouve”, conclui.

@Lusa