Depois de há cerca de três anos e meio terem dado aqueles que se apontavam como os últimos concertos da banda, os The Mission estão de regresso para uma digressão e a fazer companhia àquele que tem sido o único elemento constante dos góticos britânicos - Wayne Hussey -, estão o baixista Craig Adams (que com ele saiu dos Sisters of Mercy) e o guitarrista Simon Hinkler.
«Eu não estava à espera de regressar e de tocar novamente como The Mission, mas todos temos tendência a mudar as nossas ideias», afirmou Wayne Hussey, em entrevista telefónica à Lusa, a partir de Bristol, Inglaterra.
Wayne Hussey recordou ainda que os ensaios começaram há «algumas semanas», entre alguma «apreensão».
«Mas foi muito bom ouvir as canções serem tocadas na forma como originalmente foram tocadas e gravadas. Voltei a tocar com eles separadamente nos últimos 25 anos e tem sido bom, se excluirmos o facto de ambos me terem abandonado durante tournées, mas eu perdoo e vamos lá ver quanto tempo é que eu demoro a fazer isso outra vez», disse.
Bem disposto, apesar de uma forte constipação, Wayne Hussey diz que está expectante pelo concerto no Hard Club, no Porto: «É uma cidade de que gosto muito e conheço razoavelmente, até porque tive aí uma namorada».
Para o alinhamento do concerto é de esperar, segundo Hussey, essencialmente os temas «dos discos em que Craig e Simon participaram», até porque o público da banda «também está mais velho».
«É por isso que temos tocado os álbuns que gravámos juntos nos anos oitenta (1980), porque acho que a maior parte das pessoas que vêm a estes espetáculos nos querem ver a tocar velhos temas», acrescenta.
Nestes 25 anos, as várias formações dos The Mission gravaram 11 álbuns de originais (o último dos quais em 2010, mas com gravações feitas em 2007), mas será nos primeiros três que se deverá concentrar o concerto: «God’s Own Medicine» (1986), «The First Chapter» (1987) e «Children» (1988).
E nestes estão alguns dos maiores êxitos da banda, como «Wasteland», «Severina», «Serpents kiss» ou «Tower of strenght».
Esta digressão comemorativa ainda só teve um concerto de «aquecimento» em Bristol, mas já existe uma data esgotada em Londres, onde vão partilhar o palco com os Fields of Nephilim e os Gene Loves Jezebel, o que faz Wayne Hussey estar positivamente «expectante em relação aos concertos da tournée».
Interrogado sobre o que o faz voltar, apesar de tantas promessas de despedida, Wayne Hussey, que tem também prosseguido uma carreira a solo, é categórico: «Eu sou um músico e gosto de fazer música. Gosto de fazer todo o tipo de música e os The Mission são uma das faces daquilo que eu tenho vindo a fazer nos últimos 25 anos, e acho que o faço bem».
E não o incomoda que os The Mission tenham mudado tantas vezes os membros integrantes ao longo da sua história? Hussey afirma que «idealmente teria sido interessante manter o grupo original junto, mas isso não aconteceu».
«Uma pessoa sai e é substituída e vamos em frente. A única pessoa sempre presente nestes 25 anos fui eu e não tem sido assim tão complicado manter as coisas juntas», conclui.
Casado com uma brasileira, Wayne Hussey, hoje com 53 anos, vive no Brasil e não o afeta nada que seja um país que esteja nos antípodas dos ambientes sombrios que costumam ser identificados com o universo dos góticos: «Gosto muito do Brasil, gosto muito do clima, gosto das pessoas e da sua atitude das pessoas em relação à vida. Claro que também têm os seus problemas, mas quem não tem? Acho mesmo que encontrei a minha casa espiritual».
Nos últimos tempos, não tem ouvido muita música rock, até porque acha que o digital uniformizou muito o som do rock, preferindo «mergulhar no passado, ouvindo muitas coisas dos anos 20 e 30 do século passado, nomeadamente muitos blues do Delta do Mississípi, Miles Davis» e algumas bandas novas como as Smoke Fairies e Laura Marling.
@Lusa
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