«Lembro-me de, quando era mais novo, estar sempre a pedir uma guitarra pelo Natal. Tive algumas e, uma vez, tinha a aparelhagem aos berros a tocar AC/DC e estava na varanda a fazer de conta que estava a interpretar uma música deles. Às tantas, e já com o espírito do ‘rock n roll’, atiro, sem querer, a guitarra e esta cai para a rua», contaThomas Anahoryao SAPO Música.
Este é um dos episódios mais caricatos que teve enquanto um «apaixonado» pela música. Em casa, os seus pais cultivavam o gosto por esta arte.Bob Seger,Simon & GarfunkelouCreedence Clearwater Revivaleram discos de vinil obrigatórios.
A paixão pela música levou-o a formar uma banda com outros dois colegas da escola secundária de Pedro Nunes, em Lisboa, e com o seu primo.
Go!foi o nome dado ao grupo, numa altura em que surgia «a novidade das bandas das escolas secundárias», movimento que afirma estar influenciado pelos grupos ‘punk rock’ norte-americanos, como Blink-182 ou The Offspring.
Os Go! começaram com pequenas experiências em casa. Depois de algumas modificações, a banda estabeleceu-se com Thomas na guitarra e na voz, Nuno Teixeira no baixo e na voz, António Vian na guitarra solo e teclas e José Mimon (primo de Thomas) na bateria.
A banda de sonoridade ‘pop’, ‘reggae’ e ‘ska’ seguiu o seu rumo durante quase três anos, período temporal em que tiveram a oportunidade de compor e produzir músicas, tocando-as ao vivo.
Thomas Anahory confessa ao SAPO Música que os Go! foram convidados para fazer parte da série juvenil«Morangos Com Açucar»(TVI), mas optaram por declinar o convite.
Todavia, mais tarde, a banda terminou. Os desafios profissionais colocados a cada um dos membros dos Go! não eram coniventes com a atenção e o tempo de que a banda necessitava.
«As propostas de trabalho eram ótimas e decidimos não arriscar, porque é difícil viver apenas da música e hoje, quiçá, não seríamos bem-sucedidos profissionalmente», explica.
Apesar do término da banda, Thomas optou por seguir um projeto a solo, no qual pode aplicar o seu método. «Não tenho uma obrigação, nem uma agenda», refere.
Estas experiências fizeram com que ganhasse «estaleca» para agora editar o seu primeiro disco, ao qual deu o nome«So Much Of Me».
São doze temas originais ‘country’ e ‘rock’, através dos quais Thomas canta aspetos da sua vida, «um percurso feito de lutas e conquistas».
«O disco é um bocado de mim. Tenho um estado de saúde complicado e, pela primeira vez, consegui retratar certas coisas que me têm acontecido ao longo dos últimos anos. É uma espécie de escape», detalha o músico, que nasceu com uma insuficiência renal crónica e má formação das vias urinárias.
As canções são integralmente interpretadas em inglês. Thomas Anahory diz ser «difícil» escrever uma música em português e que a mesma não «soe a foleiro».
«Se eu escrevesse em português queria ser o próximo Jorge Palma ou Sérgio Godinho, mas, atualmente, não me sinto capaz disso», ressalva.
Para além da música, o ‘bodyboard’ é para Thomas Anahory uma outra «terapia». «Posso não estar a pensar numa letra, mas estou a libertar o ‘stress’ e, por isso, fico mais suscetível e com mais inspiração para escrever», considera.
A apresentação oficial de «So Much Of Me» vai ter lugar no LX Factory, em Lisboa, no próximo dia 17 de maio, pelas 20:00, e pretende ajudar a associação«Ajuda-me a ajudar», que vai estar presente no evento.
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