Fruto do esforço conjunto entre a Amplificasom e a Lovers & Lollypops, o line-up contou ainda com os Saade (CZ), a quem coube inaugurar as hostes.

Os Saade, que gravaram com os Boris um split single "Boris/Saade", são um duo composto por Tomas (guitarra) e Simon (bateria). Formados em 2009, estrearam-se no Porto com uma curta e morna actuação de quatro temas, dois dos quais do recém editado "You are Coming Home". Canções ruidosas e que, por isso, conseguem disfarçar uma composição lírica algo naïf.

A entrada em sala dos Russian Circles foi o mote para que o público, até então disperso, se começasse a concentrar junto ao palco, fazendo valer o dinheiro do bilhete. Mike Sullivan, exímio na guitarra, juntamente com o baixo poderoso de Brian Cook (These Arms Are Snakes) e a força inabalável de David Turncrantz na bateria, apesar de um ou outro acidente com as baquetas, integram este trio post-rock instrumental oriundo de Chicago.

Com direito a um inédito, que deverá fazer parte de "Empros", o quarto longa duração da banda,cuja edição está previstapara Outubro deste ano, o alinhamento do concerto percorreu a discografia da banda, que actuou no Porto pela terceira vez. A somarem seguidores de cada vez que o fazem, os
Russian Circles não defraudaram, numa actuação que culminou com
Death Rides a Horse.

Seguiram-se os
Boris, mítico trio japonês dono de uma vasta e variada discografia . Em palco transformam-se em quatro, sendo que a Takeshi Ohtani, Atsuo Mizuno e Wata se juntou Michio Kurihara, com uma guitarra extra. "Riot Sugar", faixa inaugural de "Heavy Rocks", deu início à performance numa falsa promessa de riffs em catadupa e percussão constante.

"8" fez a transição para "Statement", que, a par de "My Neighbor Satan", foram as únicas faixas de "Smile" (2008). Foi então que a banda mudou de registo, abraçando uma vertente mais pop e electrónica, ao tocar de seguida três temas de "Attention Please". Em "Attention Please", "Party Boy" e "Spoon", Wata assumiu controlo da parte vocal - esta é, aliás, a grande novidade do álbum que foi lançado em simultâneo com "Heavy Rocks". Para terminar, "MIssing Pieces" e a bela e extensa "Aileron", um dos pontos altos do concerto.

O aclamado "Pink", de 2006, ficou fora do alinhamento, para tristeza de alguns que talvez acalentassem esperanças num encore. Porém, a noite terminara em beleza com uma grande actuação para uma plateia que, provavelmente desgostosa da mudança de rumo dos Boris, tinha vindo a ficar mais reduzida.

Texto: Ariana Ferreira

Fotografias: Ricardo Almeida