O coletivo Resistência transforma-se ao longo dos anos, mas não perde nunca a essência: apresentar boa música, com instrumental precioso, acústica vincada e lírica afinada. Não fosse o seu lema «resistimos juntos»! O certo é que o grupo junta a sua volta um público fiel, de todas as idades, numa celebração de canções que perduram no tempo.
O arranque faz-se ao som das guitarras, dos baixos e da bateria, para aquecer um ambiente, já a fervilhar de emoções. No alinhamento seguem-se os temas “Liberdade” e “No meu quarto”, do álbum de estreia “Palavras ao Vento” (1991).
Seguem “Circo de Feras”, dos Xutos & Pontapés, para gritar a plenos pulmões o muito que se quer, o quanto se quer estar ali. Tempo para pôr a plateia a cantar “Os Filhos da Nação” e “Voa”, para apresentar o tema que se segue, dos Quinta do Bill, “Se te Amo”. Olavo Bilac e Miguel Ângelo dão voz à “Marcha dos Desalinhados”, dos Delfins.
Os Resistência na sua mais pura essência. Dar uma nova roupagem a temas que todos sabem de cor, numa revisitação das grandes bandas que edificaram a música portuguesa ao longo das décadas, cujas canções são hinos do cancioneiro nacional.
O bloco dos quatro temas que se seguem celebra os 50 anos do 25 de abril e são as mais recentes versões dos Resistências, num momento musical carregado de significado e de liberdade: “Fala do Homem Nascido”, um belíssimo poema de António Gedeão; “Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades”, de Luís Vaz de Camões e José Mário Branco; “Maré Alta”, de Sérgio Godinho e “O que faz falta”, do grande Zeca Afonso.
A grande noite continua ao som de temas como “Cidade Fantasma”, “Perigo” e “Timor”. A plateia já não consegue manter-se sentada e está pronta para emprestar a voz às canções que sabe de cor, num menear de ancas, num agitar de braços e nas palmas rítmicas, que ecoam na sala esgotada. Que belos momentos oferecem as atuações da noite...
Uma bonita e cintilante ode à paz, com as lanternas dos telemóveis a iluminar a sala, faz-se ao som de “Aquele Inverno”, dos Delfins. A plateia assume o comando e canta a plenos pulmões:
«Perguntei ao céu: Será sempre assim?
Poderá o inverno nunca ter um fim?
Não sei responder
Só talvez lembrar
O que alguém que voltou veio contar, recordar»
Seguem-se a noite e a música até chegar ao “Aqui ao Luar” e rematar com as palavras do saudoso Zé Pedro, em “Não sou o Único”.
A banda regressa, no encore, para mais um par de canções, como “Amanhã é sempre Longe demais” e o tema de encerramento do primeiro concerto de ano novo dos Resistência, no Porto, “Nasce Selvagem”. Assim começam as tradições: uma primeira vez que faz antecipar o bom que está por vir.
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