Pedro Sampaio (ou Pe-dro Sam-pai-o) está de volta - depois de uma pausa forçada devido a uma lesão no joelho, o artista regressou aos palcos, em Portugal, para uma série de três concertos esgotados. Depois de duas noites no Sagres Campo Pequeno, este domingo, 13 de abril, o DJ e produtor brasileiro subiu ao palco da Super Bock Arena - Pavilhão Rosa Mota, no Porto, onde foi recebido por um multidão eufórica e pronta para "escutar a batida" e virar "dançarina".

Antes de subir ao palco da sala da cidade Invicta, o artista esteve à conversa com o SAPO Mag. "Já tinha muitas saudades, principalmente porque estive esse tempo parado em casa a recuperar do meu joelho. Então a saudade duplicou, praticamente",  confessa o artista, lembrando que a relação com Portugal já é longa.

"Acho que a minha ligação com Portugal foi acontecendo com o tempo. Eu costumo dizer que, para um artista iniciante, o mais importante é ter determinação. E é muito difícil conseguir manter uma consistência de lançamentos relevantes, entre outras coisas. Consegui isso. E acho que isso cria uma legião de fãs ainda mais forte, ainda mais potente. E isso dá-me mais estabilidade aqui em Portugal", defende.

"Mantenho-me fiel às raízes e continuo a fazer música com alegria"

PEDRO SAMPAIO
PEDRO SAMPAIO créditos: RUI VALIDO

Desde o início da sua carreira, Pedro Sampaio tem um objetivo claro: divertir-se. "Continuo muito fiel às minhas raízes. Geralmente, faço música a divertir-me, isso é algo de que não abdico nunca. Não consigo, não posso... entregar algo ao público que eu não tenha dentro de mim. Então, se faço música sem sentir energia, alegria, acho que o público também não vai sentir. E as minhas músicas têm essa característica, não é? De serem muito alegres. Portanto, mantenho-me fiel às raízes e continuo a fazer música com alegria", sublinha o artista brasileiro.

Os êxitos do DJ multiplicam-se a cada ano que passa. De "Dançarina" a "Sentadão", passando por "Galopa", "No Chão Novinha" (com Anitta), "PocPoc" ou "Escada do Prédio" (com Marina Sena), os temas do artista somam milhões de reproduções nas plataformas digitais e inspiram danças e desafios nas redes sociais - o mais recente exemplo é "Bota Um Funk", com Anitta. Mas haverá uma "fórmula Pedro Sampaio"? "Não, não há fórmula", garante.

PEDRO SAMPAIO
PEDRO SAMPAIO créditos: RUI VALIDO

"Vou evoluindo, vou melhorando a minha forma de compor, de produzir, fico mais rápido, começo a entender melhor a dinâmica do mercado — e isso é muito importante. Aprendo a ler o mercado de forma mais ágil e a antecipar algumas tendências. Tudo isso faz uma grande diferença na hora de lançar uma boa música", explica o brasileiro, destacando a popularidade do funk: "Em relação ao mercado, uma coisa que acho que mudou muito é que o funk está a ser cada vez mais valorizado fora do Brasil. Portugal já consome cultura brasileira há algum tempo e o funk agora está a ser consumido noutros países também. Isso é muito positivo para o estilo de música que eu faço, que também é funk".

"Acho que a vida do artista é uma fonte de inspiração diária"

Seja em casa ou na estrada, Pedro Sampaio está sempre à procura de novas ideias: "Ideias de música, de marketing, de coisas para o espetáculo... Vou anotando tudo e depois vou montando o puzzle. O 'Cavalinho', por exemplo, era uma ideia que eu já tinha — de fazer aquele movimento com o público. Quando fiz o remix de 'Cavalinho', encaixou perfeitamente na ideia. É assim que vamos construindo. Acho que a vida do artista é uma fonte de inspiração diária. Todos os dias pode surgir algo que nos inspire".

PEDRO SAMPAIO
PEDRO SAMPAIO créditos: RUI VALIDO

Nos meses em que esteve afastado dos palcos devido a uma lesão no joelho, o DJ e produtor não parou de criar música. "Foi um período muito louco, porque tive mesmo de parar com os espetáculos e fiquei só em casa. E fazia seis, sete anos que não tinha tanto tempo seguido em casa. Normalmente estava três dias, dois dias, uma semaninha e já voltava a viajar. Então teve o lado mau — de estar longe dos palcos, dos fãs — e o lado bom de estar mais próximo da família e de estar criativamente ativo em casa. Fiz muito isso: estive com a minha família e fiz muita música", revela ao SAPO Mag.

Para antecipar o regresso aos palcos, Pedro Sampaio lançou "Bota um Funk", com Anitta, que rapidamente conquistou o top do Spotify em Portugal. "Foi uma daquelas canções em que sentimos logo que era a cara da Anitta. Fui mostrar-lhe a música. Demorou muito a sair. A minha ideia era lançar antes do Carnaval, porque tem essa energia carnavalesca. Mas a agenda da Anitta é muito complicada e lesionei-me no joelho. Tivemos de adiar tudo. Vi comentários a dizer 'devias ter lançado no Carnaval', mas acontecem imprevistos. E é aí que a estrela brilha — é no imprevisto que mostramos o quão versáteis somos. Adaptámos tudo e 'Bota Um Funk' tornou-se a música do meu regresso aos palcos em Portugal", conta.

"Geralmente, ou convido o artista para escrever e fazer a música comigo, ou faço a música e, depois de estar pronta, é a própria música que me 'pede' alguém", explica o brasileiro. "Por exemplo, 'Escada do Prédio', com a Marina Sena, foi assim — eu produzi, escrevi, e quando terminei, percebi que pedia a Marina Sena. Tinha a sensualidade dela... Então convidei-a para jantar, sem lhe dizer que ia mostrar a música. Jantámos, e depois, no carro, disse-lhe: 'Tenho uma coisa para te mostrar'. Pus a música a tocar no carro e convidei-a. Ela respondeu: 'Só me chamaste para jantar para me convidares para uma música?' E eu disse que sim. E resultou", recorda.

"É exactamente como eu imaginava em criança"

PEDRO SAMPAIO
PEDRO SAMPAIO créditos: RUI VALIDO

Apesar de gostar de criar músicas, esta em palco "é o momento favorito" de Pedro Sampaio. "Sinto-me mesmo bem. Tanto que recuperei para poder estar aqui em Portugal. Isso move a minha vida. E o meu espetáculo tem vários momentos. Tem a sequência 'striptease', em que entra o Riquencio a dançar, que virou ícone no Carnaval. Criámos um momento especial para Portugal, em que o público leva o meu instrumento. Há vários momentos com interação com o público, porque esse é o meu estilo de espetáculo: fazemos o show juntos", resume.

"Tenho uma equipa maravilhosa que me compreende, que mete as mãos na massa comigo. Mas essa visão do artista é muito importante, porque ele sabe o que o fã quer, no fundo. Com o tempo, a equipa vai-se moldando, tudo se vai alinhando, e todos começam a pensar com o mesmo propósito. Hoje sou muito grato pela equipa que tenho, porque conseguimos trabalhar de forma rápida e potente", destaca o artista.

PEDRO SAMPAIO
PEDRO SAMPAIO créditos: RUI VALIDO

Seja em Portugal ou no Brasil, Pedro Sampaio é sempre recebido em euforia pelas multidões - tal como sempre sonhou."É brutal. É exatamente como eu imaginava em criança. Quando era pequeno, tinha uma mesinha de DJ, daquelas para iniciantes, e montei-a virada para a janela do quarto. Tocava a olhar para a janela. E a janela era o meu público. A vista era o meu público. E depois isso tornou-se realidade. Ainda hoje fico arrepiado. É muito especial", confessa.

"É mesmo muito especial, sobretudo agora que vim a Portugal fazer estes três concertos esgotadíssimos. E reparei: temos seis músicas no Top 200 do Spotify, e as músicas estão a subir. Isso é o efeito do espetáculo e dos fãs que estão mesmo a viver a experiência Pedro Sampaio em Portugal", destaca o DJ e produtor.

O regresso a Portugal já tem data marcada: a 18 de julho, o artista atua no festival Summer Opening, na Madeira, e a 20 de julho sobe ao palco do MEO Marés Vivas, em Vila Nova de Gaia. "Depois volto a Portugal para atuar em alguns festivais por todo o país. Para mim é muito importante fazer festivais, porque além de alcançarmos novos públicos, os festivais têm tudo a ver comigo. O meu álbum 'Astro' tinha duas faixas guardadas: 'Bota Um Funk', com a Anitta, e 'Perversa', com o J Balvin. E para o verão europeu vou lançar 'Perversa'. Portanto, volto a Portugal com uma novidade musical, em colaboração com o J Balvin", revela o brasileiro ao SAPO Mag.

"Não gosto de pensar que estou a ser sugado ou esgotado com aquilo que faço. Sinto o oposto: sinto-me recarregado, energizado quando subo ao palco. Não estou esgotado depois de um concerto — estou mais vivo do que nunca. Acabei de receber uma descarga enorme de adrenalina, de positividade, de amor. Claro que há cansaço físico, mas em termos de energia, olhar nos olhos do fã só me alimenta", remata Pedro Sampaio antes de subir a palco.