Acabou por ser, também, o ponto de partida para a digressão portuguesa do cantor “nuestro hermano” Pablo Alborán, o galanteador de corações vencedor de prémios e que muito tem dado que falar nos últimos tempos. Cartazes pelos carros, faixas de agradecimento e letras das músicas na ponta da língua, algo ali fazia lembrar as mega produções dignas de estrelas norte-americanas, mas a verdade é que depois revelado, o espetáculo foi o mais simples possível, um pouco à imagem do cantor.
Perdóname acabou por dar o pontapé de saída, para estranheza de muitos e felicidade de outros, afinal este era o tema por que tantos estariam ali naquela noite. Apesar de não se tratar da tão emblemática versão com a fadista portuguesa Carminho, não se livrou, porém, de uma ovação de pé. “Boa noite Guimarães, finalmente estou em Portugal, obrigado por todo o carinho que me têm dado…”, disse o cantor numa tentativa mais ou menos acertada de pronunciar português.
Miedo e Ladrona de Mi Piel acabou por ser mais do mesmo com Pablo Alborán e a sua guitarra a fazerem “adormecer” os milhares que ali se encontravam. Como que apercebido do sucedido, Vuelve Conmigo, Volver a Empezar e Caramelo vieram mesmo na hora H, para despertar os que já se encontravam deitados ou encostados nas bancadas. A energia destes ritmos foi tal que, por todo o recinto, se avistavam pequenos bailaricos semelhantes aos que se encarnam nas marchas populares.
Entre partilhas da sua infância e histórias emocionadas, La Vie En Rose surgiu como uma recordação do cantor: recordação essa dos tempos de criança em que a sua mãe, de nacionalidade francesa, lhe cantava, ao deitar. Acabou por ter uma reciprocidade no coletivo, que soletrava pequenos versos. Serviu de mote também para o resto do espetáculo que teve fim com uma despedida rápida e azeda.
Difícil de convencer, nenhum dos presentes arredou pé, ainda pra mais quando era visível a agitação em cima do palco. Sem desculpas e sem falas, Pablo Alborán e a sua banda sobem novamente à estrutura para o momento da noite. Perdonáme recebe uma calorosa saudação, ainda mais forte quando Carminho subiu ao palco do Multiusos de Guimarães.
Na contagem até ao final, houve ainda tempo para um fado acompanhado pela tradicional guitarra portuguesa, que até o protagonista do evento deixou abismado, o mesmo que se despediu da Capital Europeia da Cultura e berço da Nação com Volver a Empezar.
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