Imaginem Panoramix mexendo um caldeirão para dentro do qual se atiraram os sopros e o delírio dos Morphine, o desejo de revolução dos Rage Against The Machine ou o empolgamento dos Faith No More - a que se adicionou umas pitadas do espírito acnesco dos Madness e uns pozinhos da inquietude juvenil de uns MGMT -, e andarão perto da imensa e nutritiva salada que é o disco de estreia destes rapazes que assentaram arraiais na cidade do Montijo.
Ao vivo andam perto do registo incendiário, trazendo para cima do palco uma energia que em disco contagia e impele o corpo a não ficar quieto. A bem da verdade musical, enviámos algumas questões à banda, que foram desde as origens a um futuro ainda por anunciar. Implosão em 3, 2, 1…
Palco Principal - Para um crítico e melómano que gosta de esmiuçar influências, “Light Pollution” constitui um menu gastronómico de fazer crescer água na boca. Dos Morphine aos Madness, dos Rage Against The Machine aos Faith No More, muitas são as peças que, depois de encaixadas, proporcionam uma imagem repleta de pormenores. Como chegaram a este som que parece absorver um pouco de vários géneros musicais?
Moe's Implosion - O som de Moe's Implosion resume-se acinco rapazes que se juntam numa sala de ensaio para compor música. Somoscinco pessoas diferentes e cada um, com os seus gostos e influências, acaba por contribuir de igual forma para o resultado final. Somos uma equipa e esforçamo-nos para que a nossa música soe da melhor maneira possível. Conseguimos muitas das vezes identificar as nossas influências nas músicas que compomos mas não encaramos isso como uma coisa negativa. Os artistas que nos inspiram fizeram música ao seu próprio gosto e decidiram fazer uma linguagem própria por onde se pudessem expressar, uma regra que nós tentamos ao máximo seguir. Independentemente da influência musical queremos criar o nosso próprio discurso musical e chegar às pessoas com isso.
PP - Se tivessem de descrever o som dos Moe`s Implosion para uma entrada musical enciclopédica como o fariam?
MI - Tendo em conta a nossa posição, é uma pergunta difícil de responder. Os musicólogos serão certamente as pessoas mais qualificadas para fazer isso.
<a href="http://moesimplosion.bandcamp.com/album/light-pollution" mce_href="http://moesimplosion.bandcamp.com/album/light-pollution">Light Pollution by Moe&amp#39s Implosion</a>
PP - Que histórias querem contar em “Light Pollution”?
MI - É um disco conceptual. Baseia-se na história de uma rapariga adolescente que é cega de nascença. Ela acorda sobressaltada depois de um sonho muito gráfico que lhe parece estranhamente familiar. A rapariga, não compreendendo o sentido desse sonho, recorre à sua avó que a tenta acalmar. Enquanto lhe explica o sucedido, mostra-lhe uma caixa de música muito particular.
PP - Ao longo da vossa carreira, parece terem caminhado de um som mais pesado para um rock agressivo mas mais dançável – ou, pelo menos, mais melodioso. A que se deveu este abrandamento em termos de velocidade e aprimoramento em termos sonoros?
MI - Ao longo da nossa curta carreira tivemos a oportunidade de crescer como pessoas, e musicalmente também sentimos essa evolução. Aos 16 anos queríamos sobretudo exteriorizar toda a nossa energia acumulada para a nossa música. E sem grande pensamento ou estrutura isso traduziu-se numa sonoridade marcada por uma agressividade intensa. Durante os anos que passaram, também tivemos a oportunidade de aprender mais coisas ao nível da composição. Decidimos que queríamos explorar novas sonoridades de maneira mais organizada e ponderada, mas sem perder a intensidade e agressividade. Não temos medo de partir para novos territórios, seja o que for, isso passa pela identidade que queremos para a banda e muito pelas pessoas que somos.
PP - Regressando às origens, como se formaram os Moe's Implosion? A formação é a mesma desde o início? E como se lembraram de escolher este nome?
MI - Os Moe's Implosion deram o seu primeiro concerto em 2005. Começou com miúdos que se conheceram numa escola secundária e cedo trocaram discos entre si. Depois de se conhecerem melhor e ouvirem música juntos, decidiram começar a ensaiar e tocar as músicas que ouviam na altura. Com isso surgiu a vontade de criar música em nome próprio e a aventura começou aí. A formação é praticamente a mesma, à excepção do Sebastião, que entrou em 2010 para nos ajudar a compor o nosso primeiro disco. Durante um desses primeiros ensaios que fizemos, escrevemos numa folha de papel todas as palavras que vieram à nossa cabeça. Depois disso, tentámos juntar palavras que serviram para o nosso nome de banda. Escolhemos unsseis nomes e pedimos aos nossos amigos da secundária para votarem no nome que mais gostavam. A grande maioria votou Moe's Implosion e ficou decidido pelos nossos amigos que nos íamos chamar assim.
<a href="http://moesimplosion.bandcamp.com/album/morning-wood-ep" mce_href="http://moesimplosion.bandcamp.com/album/morning-wood-ep">Morning Wood EP by Moe&#39s Implosion</a>
PP - O que fazem os Moe`s Implosion no dia-a-dia depois de tirarem os fatos de super heróis musicais? Que fazem – ou pensam fazer, se ainda andarem na boa vida de estudante - para além da música, presumido que esta ainda não vos garante o sustento?
MI - Levamos quase todos uma vida dupla e alternamos entre estudantes e músicos - não conseguimos imaginar uma vida sem a outra. Viver da arte que produzimos é um sonho antigo e algo que gostaríamos de fazer para o resto da nossa vida, mas também estamos ligados a outras áreas tais como engenharia biomédica e bioquímica.
PP - Como funciona o processo de criação da banda? Há um núcleo duro iniciático, alguém que imagina primeiro os temas, ou fazem-no em conjunto desde o primeiro acorde?
MI - O processo nunca é exatamente o mesmo, mas parte dele é feito sobretudo em sessões de improviso, assim como alguém que traz uma ideia de casa, e acabamos por desenvolver isso num tema. Como já referi, funcionamos como uma equipa e tentamos sempre ajudar-nos uns aos outros a conseguir o melhor para a música que estamos a criar.
PP - O que está previsto em termos de concertos para os próximos tempos dentro e fora de portas, bem como em termos de futuras edições discográficas?
MI - Neste momento, ainda estamos a promover o nosso primeiro disco, "Light Pollution", mas já estamos a preparar novas coisas durante estes últimos ensaios. Também temos estado a compor novas coisas e vamos tentar lançar alguma coisa ainda este ano. Para já, só vamos ter concertos em Portugal. Mas uma das coisas que sempre quisemos fazer como banda seria tocar em vários países. Talvez isso seja feito a médio-prazo, vamos tentar fazer alguma coisa em relação a isso. Por agora ficamos por cá!
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