A noite ia já alta, bem alta, quando se iniciaram os preparativos para acolher a banda sueca, e, como se não bastasse, toda a situação foi agravada por um problema técnico numa das guitarras. Tudo somado, eram duas da manhã quando Jonas Renkse e seus pares subiram ao palco.
As coisas não se avizinhavam fáceis: a (pouca) agitação provocada pela banda anterior, os post-rockers lusos The Allstar Project acabara por esmorecer, pelo que eram já poucas as centenas de pessoas a assistir à performance dos Katatonia -algo bastante perturbador para uma banda que praticamente encheu um Coliseu do Porto no final de 2010.
Mas nada disto pareceu influenciar o quinteto de Estocolmo. Tema após tema, o ambiente foi aquecendo, e mesmo ante uma parca afluência de fãs, houve letras entoadas a plenos pulmões e bastante interação entre o público e o palco. De facto, à medida que temas como "Leaders", "Ghost of the Sun" ou "Day and then the Shade" ecoavam pelo espaço semi-deserto, o caráter do espetáculo virava de pobre a intimista, e o ambiente de desespero e melancolia, imagem de marca dos Katatonia, era carimbado recinto fora.
De realçar também a comunicação, ora divertida, com o catapultar de copos de cerveja de Per Eriksson, ora em tom de desculpa pelos problemas técnicos iniciais, e grande responsável pelo cativar de um público parcialmente desinteressado ou desconhecedor.
Em resumo, um espetáculo razoável, mas, tendo em consideração todas as variáveis, muito bem conseguido. Fica por explicar a pouca adesão do público: terá sido falta de divulgação de um festival bastante promissor, falta de interesse ou falta de dinheiro num final de verão repleto de outros eventos?
Texto e fotografia: Sérgio Castro
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