“A música de Fausto Bordalo Dias encantou-nos durante décadas. É com profundo pesar que recebo a notícia da sua morte, que não significa o seu desaparecimento”, escreveu o primeiro-ministro na rede social X.

Fausto Bordalo Dias, criador de "Por Este Rio Acima", morreu hoje de madrugada aos 75 anos, em casa, em Lisboa, vítima de doença prolongada.

O músico viveu a infância e a adolescência em Angola, onde começou a interessar-se por música, assimilando os ritmos africanos que conjugaria com ritmos e modos da tradição popular portuguesa. O seu primeiro grupo, porém, integrava-se no movimento pop dos anos 60 e tinha por nome Os Rebeldes.

Fixou-se em Lisboa em 1968, quando entrou no antigo Instituto Superior de Ciências Sociais e Política Ultramarina, atual ISCSP - Universidade de Lisboa, para se licenciar em Ciências Sócio-Políticas.

A adesão ao movimento associativo aproxima-o de compositores como José Afonso, Adriano Correia de Oliveira, Manuel Freire e, mais tarde, de José Mário Branco e Luís Cília, que já viviam no exílio.

"Pró que Der e Vier" (1974) e "Beco sem Saída" (1975) contam-se os seus dois trabalhos iniciais marcados pela experiência revolucionária.

A esses seguiram-se "Madrugada dos Trapeiros" (1977), que inclui a canção "Rosalinda", "Histórias de Viajeiros" (1979), que abre já caminha a "Por Este Rio Acima" (1982), o seu grande sucesso, inspirado na obra "Peregrinação", de Fernão Mendes Pinto.

Com "Para Além das Cordilheiras" (1989) venceu o Prémio José Afonso.

"O Despertar dos Alquimistas", "A Preto e Branco", "Crónicas da Terra Ardente" são outros dos seus álbuns.

Em 2003 compôs "A Ópera Mágica do Cantor Maldito" (2003), uma perspetiva sobre a história portuguesa pós-25 de Abril.

Em 2009, com José Mário Branco e Sérgio Godinho, fez o espectáculo "Três Cantos", sobre o repertório dos três músicos, dando posteriormente origem a um álbum com o mesmo nome.