"Lisboa Mulata", o disco mais recente dos Dead Combo, editado no ano passado, tem visitado muitos palcos, mas será seguro dizer que nunca nos moldes em que surgirá no concerto da Aula Magna. Espécie de consagração de mais um capítulo bem-sucedido de Pedro Gonçalves e Tó Trips, a ocasião vai trazer mais condimentos aos espetáculos habitualmente minimalistas da dupla lisboeta.

"Temos algumas surpresas preparadas a nível cénico. Vamos ter vídeo, que nunca usámos", avança Pedro Gonçalves. Mas não só. "Vamos ter músicas que nunca tocámos e revisitar um bocadinho o repertório anterior, embora o concerto esteja mais focado no 'Lisboa Mulata'", acrescenta. Até porque nunca faltam músicas novas. "Tanto eu como o Tó estamos sempre a fazer coisas. Em 90% dos casos não as tocamos logo nos concertos, mas estão sempre a surgir".

Teaser do concerto:

Esta renovação cénica e sonora obrigou a um trabalho reforçado na preparação do concerto, "envolvendo toda a equipa, da parte técnica à criativa", realça o contrabaixista. E a equipa inclui alguns membros honorários - ou convidados "ultra especiais", como o músico os apresentou: Camané, a Royal Orquestra das Caveiras e as Víboras do Chiado.

"O Camané, além de ter entrado no disco, já tinha gravado connosco uma música, 'Vendaval', para a coletânea UPA [do movimento Unidos para Ajudar, que apoiou a campanha de sensibilização da Encontrar+se - Associação de Apoio às Pessoas com Perturbação Mental Grave]. E há umas semanas gravámos uma versão da 'Inquietação', do José Mário Branco", explica.

"A Orquestra já faz parte dos convidados habituais. Já tínhamos tocado, gravado o DVD...", recorda ainda. Estreia absoluta é, portanto, a colaboração com a dupla feminina Víboras do Chiado. "Partiu de uma ideia que já tínhamos tido, mas nunca realizado, que era ter um coro a dar alguma cor às nossas músicas".

Adeus, underground?

Antes de um concerto com estes contornos, a digressão dos Dead Combo encheu salas um pouco por todo o país. "Tem corrido muito bem. Temos ido tocar a vários sítios e a sala está sempre cheia. A receção das pessoas tem sido fantástica e não temos mesmo do que nos queixar".

O apelo de "Lisboa Mulata" não está, assim, confinado à cidade que lhe dá título. Muito pelo contrário: "De alguma maneira, este disco veio alargar o leque de público que tínhamos. Antes eramos uma coisa um bocado mais underground", recorda.
Para o músico, essa aproximação ao grande público ficou especialmente evidente no concerto no Teatro Municipal de Almada, em fevereiro. "Se as pessoas quiserem, tornam-se sócias do teatro e podem ir ver vários espetáculos ao longo do ano. Então apareceram muitas que não nos conheciam de todo, pessoas já até com uma certa idade que no fim até foram ter connosco, compraram discos, ficámos lá um bocadinho à conversa... Fico super agradecido por poder tocar para tantas pessoas tão diferentes".

Tendo em conta este balanço, os dias underground parecem mesmo fazer parte do passado: os Dead Combo de 2012 são cada vez mais mulatos.

Os Dead Combo atuam a 3 de maio na Aula Magna, em Lisboa, a partir das 22 horas. Os bilhetes variam entre os 15 e os 25 euros.

@Gonçalo Sá