
“Qualquer corte suplementar para a Casa da Musica será muito negativo, nós não aguentaremos”, afirmou Valente de Oliveira em entrevista à agência Lusa.
Figura central na procura de uma solução para a recente crise que levou à demissão do administrador delegado, Nuno Azevedo, Valente de Oliveira espera que o corte de 30% nos apoios do Estado seja “o máximo do máximo dos cortes”. A partir daí a Casa corre o risco de se transformar “noutra coisa”. “Em relação a isso estou mais preocupado com o país (…), é preciso que não haja cortes a nível central” afirmou, acrescentando que “aí é que começa a ser um exercício muito complicado”. “Espero que não se peça demais às pessoas e às instituições”, disse ainda.
Para já, com um novo Conselho de Administração (CA) presidido por Dias da Fonseca, as “coisas estão a correr bem e já se está a pensar na programação de 2014”. Até porque, como lembra Valente de Oliveira, “para já não há corte nenhum porque o Conselho de Fundadores tomou a decisão de que o milhão faltoso fosse retirado às reservas”.
“Este ano roemos um milhão, mas para o ano tem de ser uma reformulação da programação, porque nós não podemos roer as reservas todos os anos, tem de se escolher e o CA está muito consciente disso”, afirmou. Vai ser preciso seguir “uma política de poupança que não tem de ser só do CA, tem que percorrer toda a gente, desde os que estão na bilheteira até aos que estão no palco”.
O presidente do Conselho de Fundadores, que tinha acabado de tomar posse quando eclodiu a crise na instituição, diz que está afastado o cenário de extinção dos agrupamento residentes. “Cada agrupamento tem o seu lugar e está fora de causa que nós desliguemos o funcionamento de qualquer em deles”, afirmou, lembrando que “o que fez a imagem da Casa da Musica foi a diversidade”.
Valente de Oliveira, que tinha acabado de tomar posse quando eclodiu a crise na instituição, mostra-se empenhado “em continuar a fazer o esforço de encontrar novos fundadores” e acha que “ainda há margem para isso, modelando os tipos de patrocínio”. “Se uns podem dar 25 mil euros, outros só podem dar 10 mil, para nós tudo é bom, nem que sejam mil. Mil, multiplicados por 100, são 100 mil…” acrescenta.
Por outro lado considera que “o diálogo com o Governo não foi complicado e até foi razoavelmente rápido na definição dos delegados” para o CA, embora pelas conversas mantidas tenha percebido “que a situação em matéria de subsídios não vai ser famosa”.
O antigo ministro de Cavaco Silva empenhou-se para que alguns elementos da secretaria de Estado da Cultura, ligados à área financeira, visitassem a Casa da Música durante um “para verem bem o funcionamento extremamente ativo desta casa, com atividades contínuas de manhã à noite porque uma coisa é conhecer dos relatórios, outra coisa é conhecer das vivências das situações”.
Valente de Oliveira, que ainda só passou pelas noites de “clubbing” – “Não sei se os meus cabelos brancos não levantam críticas nos outros” – lembrou que um estudo mandado fazer por Serralves põe “a Casa da Música em primeiro lugar como elemento de atração do Porto isso tem um valor económico muito grande”.
O “meteorito”, que um dia caiu na rotunda da Boavista, como afirmaram alguns dos seus detratores, é hoje para Valente de Oliveira um valor garantido,”um serviço de arte no Porto mas também é um serviço de educação”. “O ‘meteorito’ transformou-se em instrumento de desenvolvimento interno, das pessoas e externo, porque projeta a cidade para fora”, concluiu.
@Lusa
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