A cidade de Lisboaé, cada vez mais,o ponto de partida para as digressões europeias de novos - e não tão novos -projetos musicais. Contudo, a agenda cultural da cidade, cada vez mais diversificada e atrativa, faz com que as pessoas se dispersem. Talvez o preço habitualmente elevado dos bilhetes ou a não rara falta de divulgação dos eventos faça, também, com que certos espetáculos de elevada qualidade estejampraticamente «às moscas»...

No passado domingo, dia 6, o espaço TMN ao Vivo recebeu o músico americano Chris Taylor, mais conhecido por ser um dos mentores da banda indie rock Grizzly Bear. O seu álbum de estreia a solo, "Dreams Come True”, foi editado mundialmente no passado mês de outubro, sendo que a sua apresentação foi o motepara oseu regresso a território nacional.

O discoreúnedez canções e nele Chris Taylor mostra toda a sua versatilidade enquanto músico, cantor, autor e produtor.Mais: foiconsiderado pelas revistas da especialidade, como a "Uncut" e a "Pitchfork", um dos candidatos a álbum do ano.

Depois de ter estado um mês em digressão pelos Estados Unidos, Chris Taylor trouxe este seu projeto à Europa. Lisboa teve as honras de abertura de digressão.Contudo,a performancenão foi, de todo,a mais animadora, pelo menos no que toca ao númerodeespetadorespresentes. Foram, porém, poucos mas bons. Embora só estivessem perto de 50 pessoas na sala, estasaderiram bastante bem à musicalidade do jovem artista, mesmo depois de esperarem cerca de 30 minutos pelo início da atuação.

Chris Taylor subiu ao palco com mais três músicos e, ao contrário das expetativas mais otimistas, não se fez acompanharpor George Lewis Jr (aka Twin Shadow), com quem colabora no último registo. De resto, durante o concerto propriamente dito, não aconteceu nada de extraordinário ou inesperado. Muito pelo contrário. Os CANT tocaram apenas 40 minutos, com direito a encore de duas canções, e foram parcos em palavras. Arriscaram um "Boa noite", despediram-se do públivo com um "Vemo-nos numa nova oportunidade" e ficaram-se por aqui, em termos de interação, talvez desiludidos com a fraca audiência.

Preferiram empenhar-se na música, tendo todas as canções de "Dreams Come True" funcionado bastante bem naquele espaço.O universo musical do disco é bastante semelhante ao dos trabalhos dos Grizzly Bear, mas "Dreams Come True" leva a uma vivência mais experimental, entre ondas de sintetizadores e metais. As letras, compostas pelo próprio artista, são mais simples, sem grandes floreados. Todavia, em consonância com as próprias canções, transmitem energia e um ambiente descontraído.

De todas as músicas apresentadas, o destaque vai para “She Found a Way Out”, uma das mais aplaudidas do serão, e para os singles “Answer” e “Believe”, reconhecidos pelo público, face ao seu considerável airplay nas rádios nacionais. “The Edge”foi servida em jeito dedespedida, não muito calorosa, deixando na assistência um misto de sensações contraditórias.

Oespectáculo foi bom, mas esperava-se mais. Chris Taylor irá regressar à composição de novos temas para os Grizzly Bear assim que terminar a sua tournée europeia. Sendo assim, aguardamos um novo regresso a Portugal, mas, desta vez, com casa cheia, porque ele merece.

Ana Cláudia Silva